A MINHA MÃE
À pessoa que me deu a vida,
ensinou-me a falar, caminhar, rezar
ficou ao meu lado
em tempos de tempestade
orou por mim
em momentos de dificuldade
seguiu meus passos, riu meus risos
chorou meus prantos
sentiu na pele a dor da separação
rogou a Jesus pela minha proteção
nunca me deixou desamparada
foi sempre o anjo da minha estrada
à minha querida e amada MAE
o meu mais profundo agradecimento
por tudo o que aprendi a ser
pelo amor que nunca deixei de ter
por sempre estar ao meu lado
nas alegrias e nas tristezas
nas certezas e incertezas
obrigada por ser essa mãe maravilhosa
que Deus me deu como uma estrela
a mais bela, mais pura, a mais singela.
Mamãe, quero através desse poema
Deixar-lhe registrado o meu amor
Infinito como o céu
Puro como a flor
Eterno como o Senhor!
Rosangela Scheithauer
Samstag, 1. November 2014
Exposicao de arte "MAE E FILHO"
A quem possa interessar:
Márcia Rottoli de Oliveira Masotti pelo apoio.
Às vezes, do nada me vem uma vontade incontrolável de pintar
meus sentimentos. Sei que muitos dirão: "mas como
se faz para pintar um sentimento?".
Eu não sei responder com palavras - mas sei responder com o
pincel.
(Rosangela Scheithauer)
(Rosangela Scheithauer)
Exposicão de arte: ”Mãe e filho” da artista plástica Rosangela Scheithauer
De 18 a 28 de Novembro de 2014 no Centro
Municipal de Aperfeiçoamento do Magistério "Antonio de Souza Franco"– Mogi Mirim/SP
Horário de
visita: 8h00 às 22h00
(2ª a 6ª feira)
Os maiores
agradecimentos à Prefeitura de Mogi Mirim, à Secretaria da Educacão, ao Sr.
Prefeito Luiz Gustavo Antunes Stupp e à Secretária de Educacão
Márcia Rottoli de Oliveira Masotti pelo apoio.
Mittwoch, 3. September 2014
Poesia: FELICIDADE
Felicidade
(Rosangela Scheithauer)
Fiquei um bom
tempo assim ,
olhando o céu
pela janela
na área de
serviço
enquando te
aguardava do banho ,
sentindo o
perfume do sabonete
saindo com o
vapor pela porta
Agora retorno
à sala ,
te vejo me
esperar no sofá .
Beijo teus
cabelos ainda molhados ,
escondendo ver
o que acho em teus olhos.
Teu abraco é a
certeza
de que a
felicidade existe.
Dienstag, 2. September 2014
Poesia: O amor que peco
O amor que peço
(Rosangela Scheithauer)
Já lhe pedi antes
Mas peço outra vez
A palava que aromou
Sua boca de veludo
A festa de amor
Que ainda não tivemos
E os soluços desenfreados
Em frente à janela jogados
Não peço o amor
Dos marinheiros
Que amam e partem
Com um beijo no portão
Deixam uma promessa
E se vão em pressa
Em cada porto uma mulher
Peço somente o amor
Que se reparte
Em beijos, leito e pão
Amor que pode ser eterno
Que não pede perdão
Que requer libertar-se
Amor profundo
sem fronteiras
Ou barreiras
Sem idade ou vaidade
Amor de verdade
Dienstag, 5. August 2014
Poesia: VAZIO
Vazio
Meu amor,
se em algum lugar me ouvires
e meus carinhos sentires
se em um momento duvidares
do meu amor e pensares
que eu de minha vida te tirei
e que de minha mente te eliminei
entao nao sabes das noites mal dormidas
nao sabes das tantas lágrimas caídas
nao sentes mais o carinho e a emocao
nao acreditas em meu pobre coracao.
Este coracao esmigalhado, partido, quebrado
E sofrido com a lembranca do passado
Meu amor, onde estiveres ouca o meu grito
que se perde no tempo e no infinito
que se alonga feito uma fumaca
e cruza o horizonte na esperanca
de deixar-te a prova mais sincera
do amor que por todo me apodera
amor puro, infinito como o céu
Tu, amado, o único que o conheceu.
se em algum lugar me ouvires
e meus carinhos sentires
se em um momento duvidares
do meu amor e pensares
que eu de minha vida te tirei
e que de minha mente te eliminei
entao nao sabes das noites mal dormidas
nao sabes das tantas lágrimas caídas
nao sentes mais o carinho e a emocao
nao acreditas em meu pobre coracao.
Este coracao esmigalhado, partido, quebrado
E sofrido com a lembranca do passado
Meu amor, onde estiveres ouca o meu grito
que se perde no tempo e no infinito
que se alonga feito uma fumaca
e cruza o horizonte na esperanca
de deixar-te a prova mais sincera
do amor que por todo me apodera
amor puro, infinito como o céu
Tu, amado, o único que o conheceu.
Poesia: VOLTANDO
Voltando
No meu canto
tão distante
de passagem
desgastante
sinto falta
de um abraço
em voz alta
passo a passo
grito forte
e sem receio
peço tempo
nesse meio
volto em breve
trago esperança
coração leve
como criança
Chegando me abraçe
volto ao seu colo
que nunca deixei
foi só tempestade
que agora assoprei
o vento é de festa
rompe a corrente
da face modesta
que volta mansinho
na paz do seu ninho
tão distante
de passagem
desgastante
sinto falta
de um abraço
em voz alta
passo a passo
grito forte
e sem receio
peço tempo
nesse meio
volto em breve
trago esperança
coração leve
como criança
Chegando me abraçe
volto ao seu colo
que nunca deixei
foi só tempestade
que agora assoprei
o vento é de festa
rompe a corrente
da face modesta
que volta mansinho
na paz do seu ninho
Dienstag, 29. Juli 2014
Lembrancas da antiga SANTA CRUZ
Há uns tempos atrás conversei por muito tempo com a querida
amiga de infãncia e
juventude, Carmen Bernardi Freitas - filha da D. Geni e do Seu Dario Bernardi, eu sempre a chamei de Carminha. Ela
me ajudou a relembrar pessoas e fatos da Santa Cruz daqueles tempos passados,
da nossa infância. Começamos a falar do Cido, um vizinho dela, de quem gostávamos muito e íamos
sempre a sua casa. Fiquei sabendo que ele faleceu: parece que infartou ou algo
assim.
Lembrei-me que nós íamos sempre fazer a tarefa
na casa da Fátima Davoli (filha da D. Eunice e do Seu Irineu Zuliani). Eles
tinham um armazém antigo, ali na Rua Santa Cruz. Aliás, fazendo um parêntesis aqui, até os dias de hoje - mesmo após todos esses anos que
estou fora do Brasil – visito a D. Eunice Davoli e ela me faz aquela comidinha
caseira deliciosa que só ela sabe fazer. Antigamente quem cozinhava era a
Denise a quem chamávamos de Dê, mas,
infelizmente, fiquei sabendo que há pouco tempo atrás ela faleceu. Que Deus a tenha!
Voltando a falar dos tempos do armazém: ah! como era bom ir lá. Eu sempre ganhava um
doce do Seu Irineu, que me chamava de Rosa! Tinha um “cara” que trabalhava com
ele de quem eu gostava muito, não consigo me
lembrar de se nome: será que era Vando ou
era Tião? A Fátima vai me ajudar nisso. Aquele armazém
era tudo de bom! Lembro-me como se fosse hoje, daqueles doces, dos sacos de farinha,
feijão, arroz, latões de óleo, leite e, ao lado, havia a lojinha, onde a D.Eunice vendia
tecidos por metro… “ahhh”! e foi lá que comprei minhas primeiras alpargatas, de
sola de corda - daquelas que se fechavam com um tipo de bolinha de plástico. Lembro
que eram azul- marinho ou marrom e, mais tarde ,apareceram aquelas com umas
tiarinhas com florzinhas, tipo margaridas, que a gente ficava trocando o tempo
todo.
Lembrei-me do bar do Seu Alfredo, que ficava
ali naquela esquina, onde hoje tem uma farmácia na praça Santa Cruz. Ele tinha duas netas que eram conhecidíssimas na Santa
Cruz porque eram…. Hhhhmmm… digamos assim: bem levadas. Uma delas – a mais levada – era conhecida
como Tereza Bizorrão e a outra era a Cidinha. Elas eram
sobrinhas do Seu Alfredo.
Lembrei-me do Bitchura - um que
trabalhava com o Garros - que também me contaram que morreu de tanto beber. Ele chamava o Seu
Pedro Simoso de Pedro Timoso.
“Eeeeeeita” povo bom pra beber aquele! E
era pinga pura mesmo, nada de cerveja ou vinho… era da „mardita“ mesmo que
eles gostavam!
Comentei com a Carminha sobre aquelas nossas
idas à igreja na época de Natal, para ouvir estórinhas natalinas e fazer a
„preparação para o Natal“. Rezávamos e
cantávamos, os meninos se sentavam numa fila de bancos, as meninas noutra fila.
No final as nossas cartelinhas eram carimbadas no dia respectivo e isso
acontecia do dia 1° ao dia 24 de dezembro. Quem enchesse a cartelinha, ganhava
um presentinho do Padre Paiva no dia 25. Os meninos ganhavam aquelas coisas
típicas de moleques: (carrinhos plásticos, bola, etc) e as meninas ganhavam
coisas de menina (bonecas, pecinhas imitando utensílios de cozinha,etc.). Era uma festa receber os presentes! Aaah! e
quando algum amigo ou amiga não podia ir, nós
carimbávamos a cartelinha deles. Lembro-me muito bem que a igreja ficava lotada
de crianças ! Houve uma vez em que o Valério, um que trabalhava com o Padre, se
vestiu de Papai Noel e ficou ali na porta perguntando o que nós havíamos
ganhado de presente. Era uma alegria poder falar com o Papai Noel em
pessoa!!!!!!!!!
Carminha me ajudou a lembrar do
delicioso pastel da D. Elídia, Maria Emilia do Note. Alguém se lembra disso? Era
o melhor pastel da Santa Cruz.
Lembrei-me da „Derfina“, da D. Ana
pamonheira: acho que o sobrenome dela era Quaglio.
Na Santa Cruz inteira não tinha quem nao conhecesse a D. Sunta Manera, a benzedeira. Até bem mais tarde, quando eu já morava no exterior, quando tinha
algum problema com filhos, pedia pra
minha mãe ir lá na D. Sunta, pedir-lhe pra benzer. Ela
pedia que minha mãe levasse qualquer peça de roupa da pessoa que deveria ser benzida e, daí, fazia uma porção de orações das quais ninguém entendia nada e, com o terço na mão ela benzia! Era uma santa benzedeira, a D.
Sunta! (o nome dela devia ser Assunta,
mas todo mundo a conhecia como D.Sunta).
Me lembrei da Creusa do Dilino, da D. Alzira,
da Dona Ana Garros costureira… fez muita roupa para mim e para meus irmãos. Antigamente, antes de morar ali na Praça, ela morava ao lado da nossa casa, na Rua Biquinha do Conselho (eu
detestava esse nome). Certa vez, pulei o
muro pra ir brincar com sua sobrinha e caí em cima de uma lata de sardinha
aberta! Tive que ser levada direto para
o médico - na época era o Dr. Marcelo, que tinha consultório ali em frente do
bar Mirim. Levei 3 pontos na sola do pé que me foram dados SEM anestesia! Acho
que doeu mais do que a dor do parto (agora já posso comparar, pois tive 2 filhos de parto normal!).
Lembrei-me do Seu Nório Bonati, marido da
D.Elídia, que casal maravilhoso, que bondade, que doçura!
Lembrei-me da lojinha da D.Antonieta,
que morava na esquina da rua Biquinha do Conselho. A lojinha era ali dentro de sua casa mesmo.
Saudade da D. Natália Duvigo e do seu Bepim, mãe da Cema, cabeleireira. Eu adorava ir lá e vê-la cozinhando em seu fogão a lenha e
pitando um cigarro de palha. Achava o máximo. Ela me adorava e sempre me
recebia com tanto carinho. Me perguntava: Qué um café, fia?
Lembrei-me de uma pessoa que todo mundo na
Santa Cruz conhecia: o Zé, um cara extremamente pobre, que vivia andando pelo
bairro com uma lata de doce de goiaba na mão, pedindo esmola ou um prato de comida. Coitado! Vivia bêbado e usava um chapéu o tempo todo. Também morreu de tanto beber,
coitado!
Lembrei-me da Dorva que trabalhava na casa da
D. Dalva Dante, coitadinha, era excepcional e vivia perguntando pra gente: „ ocê já tasô“ (casou)? E tinha também a Lena da Zéfina -- essa também
era conhecida na paróquia Santa Cruz e ainda é, até hoje. Na última vez que fui
à missa na igreja ela estava ali sentadinha no banco da frente. É assídua
frequentadora das missas. Tadinha! Não deve ter tido uma infância feliz, os
pais dela ( Zéfina e Furmiga) bebiam e batiam muito nos filhos. Lembro-me de que,
muitas vezes, a D. Vilma Davoli e o Seu Dario Bernardi brigavam com a Zéfina por
causa dos maltratos às crianças, era uma
judiação.
Lembrei-me do coral São Gregório Magno, regido pelo Prof. Geraldo Pinheiro e a grande
pianista, Célia de Simoni, (ambos já falecidos). Era um grande coral, minha mãe era a Soprano, meu pai José Enéas e um dos Bridis era tenor.
Mais tarde formou-se um outro coral na
igreja, regido pela D. Irene Naressi.
Lembrei-me da Mafa (Mafalda), que por
muitos anos trabalhou em nossa casa e foi nossa babá . Gosto muito dela e quase
todas as vezes que vou ao Brasil, não
deixo de dar uma passada lá na sua casa.
Essa crônica é dedicada a todos os
Poletinis, Zulianis e Julianis, Fáveros, Bizigattos, Mantovanis, Albanos, Pichatellis, Christofolettis, Guarnieris, Diogos, Bernardis, Tarossis, Dovigos, Mazons, Bonattis, Simosos, Maneras, Buenos, Naressis, Bridis, Rossis, De Pieris, Cunha Claros, Camargos, Vomeros, Francatos, Finazzis, Longatos, Buscariolis, Pissinatis, Rossis, Borins, Coppos, Leonellos, Biazottos, Milanos, Marangonis, Vedovellos, Davolis, Mestrinels e Mestriners, Bordignons, Morenos, Malvezis, Celegattis, Vischis, Bataglias, Zorzettos, Abbiatis, Schincariols, Manaras, Scomparins e, tantas outras familias, que fizeram a história do Bairro Santa Cruz!
Poletinis, Zulianis e Julianis, Fáveros, Bizigattos, Mantovanis, Albanos, Pichatellis, Christofolettis, Guarnieris, Diogos, Bernardis, Tarossis, Dovigos, Mazons, Bonattis, Simosos, Maneras, Buenos, Naressis, Bridis, Rossis, De Pieris, Cunha Claros, Camargos, Vomeros, Francatos, Finazzis, Longatos, Buscariolis, Pissinatis, Rossis, Borins, Coppos, Leonellos, Biazottos, Milanos, Marangonis, Vedovellos, Davolis, Mestrinels e Mestriners, Bordignons, Morenos, Malvezis, Celegattis, Vischis, Bataglias, Zorzettos, Abbiatis, Schincariols, Manaras, Scomparins e, tantas outras familias, que fizeram a história do Bairro Santa Cruz!
|
Pois é, minha gente, a Santa Cruz marcou muito a minha infância Foi lá que nasci, frequentei a escola primária, brinquei naquelas
ruas atrás da igreja, andei de bicicleta por todas as travessas até lá em cima,
perto do antigo "Campo da Aviação", comprei muitos docinhos
nas "vendas" da D. Fortunata Albano e no "Armazém" da Dona
Eunice Davoli Zuliani e muitas balas e chicletes no Bar do Baiano. Acompanhei
muitas procissões do Monsenhor Paiva (até hoje eu ainda o
chamo de Padre Paiva - parece que ficou impregnado em minha memória - mas ele
sabe que não o faço por mal - e sempre carregando uma
vela na mão. Lembro-me daqueles senhores das romarias, todos com batinas. Eu
sempre perguntava ao meu pai por que eles usam "saias" !!? E as senhoras de véu na cabeça - branco se fossem solteiras e preto se fossem casadas. Naquele tempo
era uma forma dos moços identificarem as moças que ainda não haviam se casado.
Lembro-me de que nos tais armazéns, comprava-se
tudo fresquinho: leite, ovos, carne etc. Lembro-me dos frangos
"pelados" (assim nós crianças os
chamávamos) à venda, pendurados pelos pés e lembro-me que podíamos comprar tudo
a fiado e pagar no final do mês. Todo mundo
se conhecia e todo mundo tinha confiança no outro! Não
havia essa de não pagar. Terminado o mês, todo mundo
ia "acertar as contas".
Lembro-me do dia em que vi o primeiro
telefone, daqueles de gancho, lá no Armazém da Dona Eunice. Até hoje me lembro
do meu fascínio por aquela "modernidade". Acho que consigo até me
lembrar que o número do telefone era 24! Não devia ter muito mais do que isso na cidade
inteira!!
Acúcar, café e arroz eram vendidos por
quilo e eram embrulhados em papel em forma de um cone. Carne era embrulhada em papel
de jornal. Eu adorava os doces: pirulitos Zorro, paçoquinha, doce de leite, doce de batata-doce, doce de abóbora, barquinha
(era um doce feito de folhas que parecem hóstias e recheado com uma geléia de
alguma coisa indefinível), cocadas brancas e de coco queimado, balas chitas,
dadinhos....
Gostava de ir brincar lá no
"parquinho do Padre Paiva" que ficava ali na praca Santa Cruz. Quantas
vezes me balancei naquelas balanças e
brinquei nas gangorras!
Eu ia a pé da minha casa para o Colégio
Estadual Monsenhor Nora, atravessava toda a Santa Cruz, indo lá por cima, perto do Fórum e depois
descia a rua 13 (corrijam-me se eu estiver errada) até chegar ali na esquina da
rua onde antigamente tinha a escola de datilografia da D. Cecilia Parra para,
depois chegar até ao “Monsenhor Nora”. Quem não se lembra da escola da D.
Cecilia?? Acho que todos nós aprendemos a datilografar lá. Até hoje ainda não
consigo usar o termo "digitar" e, muitas vezes já aconteceu, de pedir
pra minha filha sair do computador pois eu precisava "datilografar"
um e-mail urgente! Ela me olhava com cara de espanto.... " datiiiiiiii o quê Mami????" Fazer o quê, né?, não posso negar que sou da geração passada!
Mas, voltando ao assunto de ir a pé para
os tempos do ginásio! Fizesse sol ou
chuva , mãe nenhuma se preocupava antigamente. Era tudo tranquilo e sem estresse,
não tínhamos celulares, nem I-Pods, nada disso. Nao tínhamos dinheiro, pois,
naquele tempo, os pais não davam as mesadas que as crianças de hoje em dia recebem. Tínhamos uns meros trocadinhos apenas
para comprar umas balas ou chiclete na
venda. E olha lá!
Brincávamos na rua até a noite: brincadeiras
de roda, pega-pega, esconde-esconde, amarelinha, casinha! Que delícia brincar
de casinha, fazendo "comidinhas" de barro e decorando a
"casa" com latas e tijolos. Lembro-me dos "telefones" que
fazíamos utilizando duas latas, das quais furávamos no fundo, passávamos um cordão preso por um
palito e conversávamos por longo tempo com a amiga/amigo.
Íamos muito aos sítios nos domingos. Lá, então, era a maior farra. Quanto brincar
por aquelas bananeiras e goiabeiras. Uma vez subi numa goiabeira e não percebi
que estava "empesteada" de taturana... Me queimei pelos bracos e
pernas¸ foi um horror, mas, mesmo assim, não parei de subir nas goiabeiras.
Pois é, minha gente, acho que muitos de vocês que cresceram na Santa Cruz com certeza irão se identificar e
relembrar essas coisas tão simples, mas tão marcantes da infância.
Deus foi generoso comigo e me deu todos esses
prazeres. Muito do que sou e que aprendi devo a essa infância maravilhosa que Deus me proporcionou.
E usando as próprias palavras do "Seu
Pedro Simoso".... "vórta sempre pra vê nóis aqui" dizia ele, todas as vezes que eu os visitava.
Volto, sempre, sim senhor! E COM MUITO
PRAZER!
„Tempo bão, num vórta mais, saudade“!
„Tempo bão, num vórta mais, saudade“!
Se eu tivesse que numerar as coisas que mais
marcaram a minha infância, acho que seria assim:
- Brincadeiras
na rua (amarelinha, esconde-esconde, pula-corda, passa-anel);
- Andar
descalço quase o dia inteiro;
- Tomar
banho de mangueira ou dentro do tanque de lavar roupa;
- Comprar doce na venda;
- Ir a pé para a escola;
- Ir à igreja aos domingos;
- Assistir a filmes em preto e branco na
televisão;
- Ter muitos amigos para brincar;
- Chupar manga, até me lambuzar toda;
- Respeitar pai e mãe, acima de tudo!
- Ter tido uma infância „de verdade“ !
Naqueles tempos não havia cintos de
segurança, apoio de cabeça e muito menos „air bag“!
Íamos soltos no banco de trás, fazendo
aquela farra. Brigávamos para disputar quem iria se sentar ao lado da janelinha:
ninguém gostava de sentar no meio.
O quarto tinha que ser dividido com os
irmãos, não havia essa de cada um ter seu quarto e
os brinquedos eram multicolores com pecinhas que se soltavam mínimamente e eram
pintadas com tintas bem duvidosas que continham chumbo ou outro veneno
qualquer. Mesmo assim ninguém morreu!
Não havia travas de segurança nas portas dos carros, chaves nos armários de medicamentos,
detergentes ou produtos químicos domésticos.
Andávamos de bicicleta sem capacetes,
joelheiras, caneleiras ou cotoveleiras. Claro que, quando caíamos, nos esfolávamos por todo lado. Mas ninguem
morreu!
Bebíamos água de filtro da talha de
barro, da torneira ou direto da biquinha. Não havia nada „esterilizado“. Penso
que ninguém conhecia esse termo naquele tempo.
Os meninos construiam aqueles famosos carrinhos
de rolimã e, os que
tinham sorte de morar perto de uma ladeira asfaltada, podiam tentar bater recordes de velocidade e
até verificar, no meio do caminho, quem tinha economizado a sola dos sapatos,
que serviam como freios. Porém, muitos
brincavam descalços, então já dá para imaginar o estado dos pés, dedões e joelhos esfolados!
Podíamos brincar na rua com uma única
condição imposta por nossas mães:
·
Antes de anoitecer, tínhamos
que voltar para casa. Nossos pais não tinham a mínima idéia de onde estávamos!
·
Na maioria das vezes, tínhamos
aula no período da manhã e íamos almoçar
em casa.
·
Fazíamos todo o trajeto de casa
até a escola a pé - nada de Papai ou Mamãe nos levar para a escola!
·
Quando alguém tinha piolho na
cabeca as mães colocavam Neocid em pó! Era
tiro e queda!
·
Ninguém se queixava de braço no gesso, dentes partidos, joelhos ralados, cabeça lascada.
·
Ninguém usava aparelho nos
dentes. Isso só começou a virar moda nos
anos 70.
Comíamos doce à vontade. No café da manhã,
comíamos apenas pão com manteiga. As bebidas eram todas com açúcar. Não se falava em obesidade, brincávamos sempre na rua e éramos
muito ativos. Acho que nos ajudava a queimar as calorias.
Dividíamos com nossos amigos uma Tubaína,
comprada na vendinha mais próxima.
Os animais de estimação daquela época não tinham ração, que nada, comiam a mesma comida da casa, muitas vezes comiam os
restos. Banhos quentes? Xampu? Nada disso! No quintal um segurava o cão e o
outro, com a mangueira, ia esguichando água e lavando com sabão de cebo, feito
em casa.
Ninguém lavava os pratos com
detergentes. Era tudo lavado com sabão.
A pé ou de bicicleta, íamos à casa dos nossos
amigos, mesmo que morassem a km de distância de nossa casa, entrávamos sem bater e íamos brincar. Todo mundo se
conhecia, não havia medos e
desconfianças.
Os meninos jogavam futebol no meio da rua e
sinalizavam a trave, utilizando duas pedras. Jogavam taco também e utilizavam
pedaços de pau como traves.
Na escola havia bons e maus alunos. Uns
passavam e outros eram reprovados e, nem por isso, iam a psicólogos ou
psicoterapeutas. Quem fosse reprovado, simplesmente repetia o ano e tentava de
novo no ano seguinte. As notas eram de 0 a 100, na escola primária e, só mais tarde, passou a ser de 0 a 10 no ginásio. Havia até
nota ao meio, por exemplo 2,5 ; 5,5 ou 9,5.
Hoje: A,B,C,D,E...
As festas eram animadas por vitrolas com
agulhas deslizando sobre os discos de venil. De vez em quando, improvisávamos
uma luz negra, uzilizando um papel celofane azul ou roxo que colocávamos em
volta da lâmpada.
Nossos „coquetéis“ eram feitos à base de
groselha, maçã cortada em cubinhos e
gelo.
Tínhamos liberdades, fracassos, sucessos,
deveres e obrigações.
Ajudávamos nossas mães nos serviços de casa, por exemplo, minha irmã e eu combinávamos quem iria
lavar e quem iria secar a louca do almoço e jantar.
Foi nessa época que muita coisa comecou a mudar
na moda, na pintura, no cinema, na música, na forma de encarar a sexualidade,
no relacionamento humano, nas questões de
diversidade racial e em muitos outros territórios. Muitos jovens passaram a
contestar a sociedade e começaram a dar mais
ê
ênfase aos valores tradicionais. Surgiram os hippies e a era do „peaceand
love“. O símbolo eram dois dedos em forma de V.
Vou parando por aqui, pois já está na hora de dormir. A vontade era de ficar aqui escrevendo, escrevendo sem parar, mas nao se preocupem, pois haverá muitos outros "causos" pra compartilhar com voces.
Show ao vivo do Pink Floyd
... e lá estava eu quietinha no meu canto quando de repente um primo postou um vídeo do David Gilmour tocando "Wish you were here"... E nao deu outra: voltaram em minha mente todos os momentos vividos naquela noite de 14 de Maio de 2011 no 02 Arena de Londres. Saí de Viena para Londres só para ir assistir esse show. Gente, se eu estive grávida eu teria tido um filho naquela inesquecível noite. O 02 Arena é um monstro - MONSTRO meeeeesmo - de lugar, nem sei quantas mil pessoas cabem lá dentro, acho que umas 40 0u 50 mil, e aquilo lá estava lotado até o último lugar. Dá pra voces terem uma idéia da emocao que eu viví?? Cantei junto com eles do comeco ao fim as músicas que eu ouví durante toda a minha juventude. Transportei-me para aqueles anos 70 e eu jovem e com uma bagagem de sonhos nunca imaginando que um dia eu estaria alí vendo-os face a face. Quando comecaram a tocar Comfortably Numb eu juro que precisei me apoiar no meu vizinho, que também nao estava melhor que eu, os olhos cheios de lágrimas, chorando como aquela guitarra tocada pelo David Gilmour lá em cima do MURO. Meu Deus, quanta emocao... foi aí que eu ví que estou ficando fraca para essas fortes sensacoes. Se valeu a pena??? Siiiiiiiiiiiiim, todos os segundos, minutos e horas que passei lá assistindo aquele show. Uma experiencia ÚNICA. Eu me beliscava todo o tempo para ter certeza que estava ali mesmo....
https://www.youtube.com/watch?v=hUYzQaCCt2o
https://www.youtube.com/watch?v=hUYzQaCCt2o
Poesia: Coraçao Eremita
Coraçao Eremita
Rosangela Scheithauer
Deste país em branco
Sem ondas cristalinas
Ou sóis avermelhados
Na distância dos montes
Pinheiros prateados
Choram lágrimas frias
Pedem flores esquecidas
E perfumes de verão
A noite longa sempre em luto
Soluça em manto de veludo
Implora por um raio de luz
Que marque o fim da solidão
Traga a estrela cadente sonhada
E ilumine o coração de um eremita
Poesia: APELO
APELO
|
Apelo
(Rosângela Scheithauer) Uma coisa quero dizer Os homens já não contemplam A beleza do rio O canto dos pássaros A cor das flores O verde da mata Uma coisa quero dizer Digo agora Para que estas palavras Fiquem seladas Nas mentes de flagelos Moribundos e patéticos Que se imaginam filósofos E mal sabem soletrar O próprio nome Quero dizer e digo já Com desolada luz Pobreza de espírito Fraqueza de caráter Riqueza personalizada Nada se contempla Pois o rio seca A flor morre O canto vira gemido O sorriso fica perdido O verde é negro Em terras estéreis Mãos se fecham Corações ao abandono Morrem sem conhecer O sentido da esperança |
Poesia: A todos os poetas apaixonados
A Todos Os Poetas Apaixonados
Rosângela Scheithauer
A todos os que sofrem calados
Que choram apaixonados
Que gritam ao mundo
Um sentimento profundo
Que rolam na cama
Pisam na lama
Rompem barreiras
Sacodem peneiras
Pedem o auxílio de Deus
Que ouça os pedidos seus
De poderem só um minuto
Fazer do oceano um viaduto
Atravessar águas e obstáculos
Arrebentar todos os tentáculos
Fazer um pacto de ir até o fim
Seja ele bom ou ruim
A esses poetas sofridos
Sentindo-se isolados e perdidos
Desejo que encontrem a resposta
Que não se entreguem à derrota
Que simplesmente continuem amando
Que continuem gritando
Pra que todo o mundo sinta a cor
Da dor do verdadeiro amor!!
Samstag, 26. Juli 2014
Aqui comecarei a postar coisinhas que gosto de escrever, algumas de minhas pinturas, pensamentos, idéias, sugestoes, enfim, tudo o que meu coracao mandar.
Aqui vou colocar algumas das cronicas que escrevi no passado - talvez a mais expressiva de todas é esta "Coisas simples que me faltam", pois é a que mais demonstra tudo o que sinto após tantos anos vivendo no exterior ( já sao mais de 36 anos!!! é tempo pra dedéu).
Entre uma cronica e outra postarei também algumas de minhas pinturas - desde as mais aintigas até as mais recentes. Espero que gostem.
COISAS
SIMPLES QUE ME FALTAM
(Rosângela
Scheithauer)
Numa manhã chuvosa
e melancólica me bateu uma saudade louca e um forte desejo de escrever, de
botar os sentimentos numa folha de papel, uma necessidade de deixar o mundo
todo saber como as coisas simples da vida fazem falta. Neste mundo em que
vivemos, o avanço da tecnologia está fazendo com que desapareça o marco
essencial do ser humano que é a sensibilidade. No momento, o único objetivo
torna-se material e talvez essa idéia de posse seja, na realidade, o medo do
amanha, do desconhecido. Quando deixei o Brasil há mais de 34 anos, sentia-me
totalmente insegura, frágil, porém, com uma fé poderosa, uma certeza absoluta
que os obstáculos seriam apenas estímulos para quem sabia o que queria. Eu
queria conquistar o mundo, deixar de ser um número, um rosto anônimo na
multidão, uma peça dessa grande máquina que é a sociedade. Aprendi que na vida
nada existe ao acaso, que as coisas não „caem do céu“, por tudo tem-se que
lutar e, na maioria das vezes, é preciso renunciar a tantas coisas. Sou feliz aqui, conquistei meu espaço, fiz
carreira, formei uma familia e hoje garantidamente posso dizer que já nao sou
mais apenas um número na multidão. Por outro lado, não posso negar que muitas
coisas me faltam, coisas simples, banais, coisas que, quando se tem, não se dá
valor. Falta-me, por exemplo, a
comidinha gostosa e caseira da minha mãe, o sorvete da sorveteria do Genaro e,
em especial a famosa „Vaca Preta, falta-me aquela comida que você come sabendo
que é ruim para o estômago, faz mal, é autodestrutiva e é tão gostosa.
Aquela que se come em botequins, padarias, feiras, na rua, aquela encontrada
nas lembranças da infância. O pastel está em primeiro lugar, o de feira mesmo,
do japonês, frito na hora, de carne moida, palmito ou queijo. De carne bem
soltinha com uma única azeitona com caroço, nao muita carne, para que, quando
sacudido, faça um barulhinho como de chocalho. De queijo, um retângulo bem
grande lá em baixo, na última mordida, já começando a endurecer. Ah! O de
palmito então nem se fale, bendito na sua umidade. E todos fritos na panela de
mil e uma frituras. Quer coisa mais gostosa que comer um pastel encostada no
carrinho de feira já cheio, tomando garapa geladinha, com „bobs“ e lenço amarrado
na cabeca? Sei que é uma perversidade, mas já fiz muito disso no passdo!
Falta-me aquele cafezinho de botequim, sim, aquele que se toma no copo
mesmo, tão quente que é preciso colocar um guardanapo em volta pra não queimar
as mãos. Este copo, na maioria das vezes, até meio ensebadinho, mas quem tá ai
com isso?
O café no Brasil é um símbolo da hospitabilidade. Em torno da pequena
xícara do licor negro, desdobra-se toda a vida brasileira. No café que oferecem
os ricos e pobres a pobres e ricos, os brasileiros não dão apenas a bebida
saborosa, dão a alma! Com o cafézinho,
que tal uma coxinha de galinha com osso e tudo? Nao que eu queira fazer
propaganda aqui, mas o cafézinho lá do
Bar do Ponto é o melhor de todos!
Nas memórias de minha infância despontam perversidades doces também:
leite Moca direto da lata; bolacha Maria molhada no café, retirada no momento
certo para que não caia dentro da xícara; brigadeiro às colheradas, direto da
panela; doce de batada doce bem sequinho; paçoquinha de amendoim; maria-mole;
pé-de-moleque daqueles de Festa Junina; bala de côco daquelas que a gente
„rouba“ um montão em festas de aniversário; um pedacinho do bolo de casamento
„prá levar para o parente que não pôde comparecer“ e que a gente se delicia no
dia seguinte com o café.
Saudade da canja de galinha quando a gente fica doente, do leite quente
antes de dormir, do arroz-doce, dos fios de ovos, do pudim de leite condensado,
sagrado de todos os domingos.
Nao são só as comidas que me fazem falta, é todo aquele modo simples de
viver a vida no interior, o carinho das pessoas que demonstram um prazer enorme
em lhe ver, os convites para „passar lá em casa“. E nao me falem pra „passar lá em casa“, pois
eu passo mesmo!!
Ah que saudade de jogar conversa fora com a vizinha, preferivelmente
cada uma carregando a sua cadeira e colocando na calçada. Saudade de organizar
um churrasquinho informal com aquela cervejinha estupidamente gelada e o som de
um violão tocando um sambinha. Saudade de ouvir piadas de português, jogar um „buraquinho“
com os amigos, ver crianças pulando a „amarelinha“ na rua. Saudade de ouvir o
galo cantando de manhã, pássaros no viveiro do vizinho, saudade até daquela
musiquinha do caminhão do gaz.
Quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão aí diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas já nao existem mais, outros dizem que é
preciso aprender a olhar para poder vê-las assim. Eu aprendi.
E essas doces lembranças permanecerão vivas dentro de mim até o ultimo
dia de minha vida, esteja eu onde estiver!
...................................
Caiu a força...
(Rosângela Scheithauer)
Não sei se em todo o Brasil é assim, mas lá na cidade onde nasci,
quando ficávamos sem energia elétrica dizíamos: caiu a força!
Aqui na Áustria isso raramente acontece. Outro dia, porém, alguma coisa
extraordinária deve ter acontecido na rua onde moro causando a falta de energia
elétrica por quase duas horas.
Nada a fazer, comecei a pensar no quanto como nos habituamos e somos
praticamente dependentes dos aparelhos domésticos, máquinas, computadores e
afins.
Já estava consciente de não poder usar o computador, nem o ferro de
passar roupa, ouvir um CD e muito menos colocar a roupa na máquina de lavar.
Não pensara na quantidade de coisas impossíveis de serem feitas devido ao
„blackout“.
Tomar um cafézinho: a cafeteira
é elétrica!
Secar os cabelos, passar aspirador de pó na casa, descongelar a carne
para o jantar ou esquentar o leite (até o meu fogão é elétrico!).
Lembrei-me do fogão de lenha da Dona Natália Duvigo, já falecida, de
quem guardo belas e inesquecíveis recordações da infância. Ela se recusava a
usar outro fogão, pois dizia „essas coisas novas não trabalham direito!“ Gente, e como era gostosa a comida preparada
alí!
Quando me mudei para este apartamento, escolhi uma cozinha funcional.
Investí muito em aparelhos domésticos e outras excentricidades. Para que? Sem
energia elétrica a „funcionalidade“ dela é igual a zero.
Lembrei-me também do abridor de latas da mamãe, parece uma chave de
metal com uma pontinha para encaixe na lata. Ah, que saudade! O meu é elétrico, portanto, nem a lata de
tomates, planejada para o espagueti, poderia utilizar. Na próxima vez que for ao Brasil preciso me lembrar de
trazer um abridor „normal“.
Envolvida em pensamentos fui à cozinha querendo tomar suco de laranjas.
Inconscientemente cortei três frutas ao meio e pressionei-as contra o
espremedor. Nada aconteceu! Claro, o espremedor também é elétrico. Cadê aquele
outro, de plástico, bem baratinho, comprado no Brasil numa daquelas lojas de
R$1,99? Devo ter me desfeito dele por
achar maior praticidade no elétrico. Acabei optando por um copo d´ água com um
pouquinho de açúcar, a antiga fórmula de calmante usada por minha avó.
Funcionou! Como, aliás, tudo antigo
parece funcionar melhor.
Mamãe, me mande um abridor de latas, por favor!
………………………
A mãe dos outros
(R. Scheithauer)
Aprendi que para ser a melhor mãe do mundo não preciso ir a escolas nem
consultar livros de psicologia, comprar sabão em pó especial, brinquedos ou
chocolates conforme sugerido em propagandas televisivas. Absolutamente nada
disso é necessário se você prestar atenção quando seus filhos comecam a relatar
as experiências deles com as mães dos outros. Elas sempre têm, sabem e fazem
tudo muito melhor que ninguém, são exemplo de paciência, tolerância,
criatividade, disponibilidade, permissibilidade e estabilidade emocional.
Essas mães dos outros não possuem defeitos, são as mais perfeitas.
Consideram, por exemplo, normalíssimo comer chocolate meia hora antes do almoço
ou do jantar, sair de casa com camisa de manga curta em dia de inverno, dormir
sem escovar os dentes e chegar tarde da noite em casa. Naturalmente elas
permitem que o cachorro durma na cama com as crianças, não são histéricas em
termos de higiene, pois possuem um alto grau de compreensão pelo bem-estar dos
animais. Possuem incrível sensibilidade a barulho, adoram música no último
volume, principalmente „funk“ e „rap“, acham ótimo ter caixas de som espalhadas
por toda casa – até no banheiro, imaginem! Essas mães conhecem todos os nomes
dos atuais grupos musicais e compram todos os CD`s disponíveis das lojas.
Elas entendem de moda jovem e acham „cool“ usar jeans largos e caidos
tendo o „cavalo“ na altura dos joelhos, camisetões velhos, tênis Air-Nike e
óculos escuros usados como „arco“ na cabeça.
Muito normal para elas que seus filhos cheguem às três horas da
madrugada sem ao menos telefonar avisando onde e com quem estão e conseguem até
dormir tranqüilas toda a noite sem a menor preocupação.
Só a mãe dos outros autoriza faltar à escola por uma simples dor de
barriga em dia de prova e assinam „de olhos fechados“ as faltas às aulas de
ginástica com a justificativa „indisposto“ escrita pelos próprios filhos. Jamais levantam o tom de voz, não se irritam
por nada, são a doçura em pessoa, uns verdadeiros amores.
Outro dia uma dessas „mães dos outros“ me viu no supermercado e disse:
„Ah! a senhora é a mãe do René, a mais perfeita mãe do mundo“. Olhei
para ela espantada e respondi:
„Não, a mais perfeita mãe do mundo, de acordo com o René, é a senhora!“
Rimos e nos cumprimentamos por sermos as melhores mães do mundo – se
trocarmos os filhos!
..............................
A minha
vó!
Vai ser dificil colocar em palavras o
sentimento que tenho por minha vó Cezira, aquela pessoa maravilhosa que cuidou
de mim quando eu era pequenina, que me fazia dormir, que me mimava, acariciava,
me dava tanto amor.
Como ela, nao existirá nenhuma outra avó. Ah! Que saudade da minha vó!
Na casinha da rua João Teodoro eu me lembro que ela tinha uma cama
reservada só para mim, quando fazia frio ela me punha ao lado do fogão, quando
fazia calor ela me deixava só de calcinha no quintal.
Nao tinha comida que ela nao fizesse para mim, bastava só mencionar
algum prato e pronto já ia prepará-lo. Que eu gostava de lentilhas ela sabia,
cozinhava sempre que eu a visitava.
Roupa nova nunca me faltava, ela sabia que eu gostava.
No meu aniversário me enchia de presentes. Meus irmãos nunca negaram o
ciúme que sentiam, ela trazia algum presentinho para eles em seus respectivos
aniversários, mas eu também sempre ganhava alguma coisa... e nem era meu
aniversário.
O meu vô, que eu carinhosamente chamava de
Vô Gordo, era um velhinho simpático que gostava de ir à praça e voltar com uma
maçã para mim. Ai de alguem que gritasse comigo! Ele também gritava! Minha tia que o diga!
Minha vó me levava passear, coisa que eu
adorava, e me deixava brincar com as crianças da rua inteira. Até nadar na
piscina de uma das vizinhas ela deixava... só que eu nao sabia nadar!
À noite, quando eu dormia na casa dela,
nunca faltava uma estorinha, um carinho, um beijo e as palavras „durma com os
anjos, fia!“
Não me esqueço daquela vez que fomos à
praia, foi a primeira vez que ví o mar. Ela não tirava os olhos de mim, tinha
medo do mar, ela tambem nao sabia nadar.
Tiramos fotos daquelas de
binóculinhos, hoje nem existem mais. Ah! Como ela ficou linda naquela foto.
Ela gostava de ir „visitar“ os parentes
falecidos no cimitério e me levava junto. Nós andávamos por todos os lados
procurando este ou aquele, rezávamos uma Ave-Maria e um Pai Nosso, sinal da
cruz, beijo no túmulo, e pronto, íamos para o outro parente repetir o ato. Eu gostava de olhar dentro das
janelinhas dos túmulos para ver se o „parente“ estava lá ! Queria por toda lei levar prá casa os
anjinhos dos túmulos, achava-os tao bonitinhos. Ela dizia que nao podia e ria
da minha ingenuidade.
Ela não era uma pessoa culta, mas sua
sabedoria muitas vezes me assustava.
Minha infância foi bela por tê-la ao meu
lado, por ter-me dado aquele amor típico de vó, por ter sido minha amiga e
companheira de todos os momentos. Era para ela que eu contava os meus
problemas, minhas dores, meus sentimentos. Quando comecei a ter namoradinhos,
era para ela que eu contava os meus segredos, ela me dava toda liberdade.
Ela achava graça nas músicas que eu gostava
de ouvir, sabia que eu era fã do John Lennon e sempre ria quando eu cantava
suas músicas sem entender sequer uma palavra.
Deixava-me ouvir meus discos na vitrola e nunca reclamava do „barulho“.
Quando comecei a trabalhar ela me pedia para
„passar lá „ depois do trabalho e eu o fazia com tanto prazer. Às vezes dava só
uma passadinha rápida, dava-lhe um beijo e ia embora pois tinha que estudar.
Um dia eu lhe disse que gostaria de ir
embora do Brasil, queria conhecer a terra do John Lennon. Ela ficou tão triste,
não queria nem pensar nesta idéia.
Lembro-me como hoje do dia em que fiquei
sabendo que ela estava doente e precisaria ser operada. Ela sofreu por alguns meses, eu a visitava diariamente, sentia suas dores,
chorava suas lágrimas.
Minha vó querida se foi, deixou um vazio tão
grande em meu coração, deixou todas as mais belas e puras recordações, deixou
em mim todo o seu amor.
Queria tanto que meus filhos tivessem uma
avó como a Vó Cezira. Minha mãe seria a candidata ideal, porém, está tao longe
deles. A avó que eles têm aqui não é uma
avó de verdade, não faz nada disso que a minha fazia!
Vó mesmo é e será sempre, eternamente, a
minha única e mais amada Vó Cezira.
Agora sei porque ela nao queria que eu
levasse os anjinhos do cemitério para casa... eles pertencem ao seu
jardim!
Durma com os anjinhos, vózinha!
Rosângela
................................
FEIJOADA SEM FEIJÃO
(Rosângela Scheithauer)
Muitas vezes até mesmo cozinheiras profissionais têm seus dias
desastrosos, não me encaixo na categoria profissional, mas o meu dia desastroso
aconteceu há algumas semanas atrás quando convidei amigos austríacos para um
almoço bem brasileiro. Resolvi preparar-lhes uma feijoada, pois eles nunca
haviam provado a marca registrada da cozinha brasileira.
Levantei-me cedo para iniciar os preparativos para a „odisséia“. Com
muito amor e dedicação fui a cozinha às 7 da manhã, sendo que o almoço estava
marcado para as 13 horas.
Já havia deixado o feijão de molho durante a noite anterior, teria
apenas que cozinhá-lo, adicionar as carnes e o tempero.
Devo esclarecer que na Áustria não encontro os típicos ingredientes
como: paio, focinho, pé de porco e farofa. Sendo muito criativa, sempre
encontro um ingrediente que „lembra“ bem o original e pronto, problema
resolvido.
Quando o feijão estava cozido, adicionei-lhe as carnes que encontrei no
meu supermercado: vários tipos de lingüiças, costelinhas de porco, carnes
defumadas e toicinho.
Com o feijão já bem adiantado, comecei a preparar os acompanhamentos.
Fiz um arroz bem gostoso e soltinho, couve – que aqui não existe, porém
improviso com um tipo de repolho verde – molho vinagrete, laranjas e farofa.
Esta última nem pensar! Os austríacos nunca ouviram falar na farinha e nem
sequer na própria mandioca! Meu marido, querendo dar uma de entendido,
compara-a com „serra de madeira“ (éca!).
Às 11 horas só faltava arrumar a
mesa, cuja decoração fiz com bandeirinhas do Brasil e da Áustria.
Típico dos austríacos, às 13 horas pontualmente tocaram a campainha.
Ofereci-lhes a tradicional caipirinha e fui à cozinha para os
preparativos finais, separei as carnes do feijão, coloquei-as em um pirex,
levei todos os demais acompanhamentos à mesa e, com a intenção de servir o
feijão bem quente, deixei-o na panela, liguei o fogo e voltei à sala.
A conversa estava tão boa que eu me esqueci do feijão e só fui me
lembrar ao sentir um cheiro de queimado. Corri à cozinha e o temível havia
acontecido: o feijão estava todo queimado!
Pânico total! Ai meu Deus do céu, e agora? Chorar não adiantaria nada!
Chamei-os à mesa e servi-lhes as carnes
com o arroz, couve, farofa, molho vinagrete e laranjas.
Pois é, feijoada sem feijão deve ser o que chamam de „Feijoada quase
Light“, ou pelo menos estou lançando uma nova receita!
Fui muito elogiada, todos comeram e até repetiram! A feijoada sem
feijão foi o maior sucesso.
..............................................
Inverno austríaco
(Rosângela Scheithauer)
Para quem não sabe, são 147 dias oficialmente dados ao inverno europeu.
Para mim essa informacao é tao interessante quanto a conta da eletricidade!
E gozado que domingo passado ganhamos uma hora em nossas vidas, ou
seja, o relógio voltou uma hora. Aqui na Áustria fazem isso porque senão o dia
ficaria muito curto e a noite muito longa. Imaginem que às 4 horas da tarde já
estaria tudo escuro como se fosse 10 da noite.
Com esse „ganho“ de uma hora podemos curtir a luz do dia até que a
curtina do ceú se feche trazendo a noite fria dos invernos europeus.
Quizera que aqui só tivéssemos um mês de inverno e o resto todo de
verão!
Mas daí a Austria nao seria a Austria!
Os alpes ficariam peladinhos sem as neves, os esquiadores iriam morrer
de tédio.
Até fui aprender a esquiar para ver se começava a gostar do inverno,
mas que nada! Passo um frio do cão,
minhas mãos, pés, nariz, rosto tudo se congela a ponto de eu achar que estou
com „gangrena“ pois nem os sinto mais. E voces acham que os austríacos reclamam
como eu? De maneira alguma! Esquiam por
aquela neve como se estivessem de biquini na praia de Búzios!
É claro que eu gostaria de me „sentir em casa“ tanto quanto eles, mas
não consigo. Não nasci para passar frio e nem para esquiar.
A única coisa boa do inverno é que durante os preparativos para o Natal
a cidade fica toda iluminada, luzinhas coloridas, enfeites, decorações, tudo
unido ao bom humor do austríaco nas barraquinhas montadas em toda esquina onde
se tomam deliciosos „punchs“ (vinho tinto quente – parecido com a sangria),
castanhas e batatas assadas, salsichas de todo gênero e a música de uma sanfona
para dar o toque final de alegria.
Nessas horas esqueço que o frio é frio e depois de uns golinhos do
„punch“ o corpo esquenta, a cabeça roda e só então me sinto como uma verdadeira
austríaca!
„Prosit!“ dizem eles! „Saúde“, digo eu!
.................................
SAUDADE DE CHEIROS
(Rosângela Scheithauer)
Cheiros... ah! Como é
bom ter um bom olfato e poder distinguí-los. Os cheiros das coisas da infância,
por exemplo, esses ficam marcados para sempre. Eu que já estou há tantos anos
fora do lugar onde nasci e cresci, mesmo que me colocassem um lenço nos olhos,
me transportassem para lá e me
perguntassem onde estou eu saberia dizer no ato! A própria chegada ao Brasil já é peculiar, ao
abrir a porta do avião já dá prá sentir o cheirinho de Brasil! Alí na região ao redor de Mogi Mirim onde
cresci o olfato „faz a festa“! Que coisa boa poder sentir o cheiro de
eucaliptos, de mato, de sitios, cavalos, vacas e porcos. O cheiro por lá é
interminavelmente de interior, só quem lá nasceu para saber que é assim mesmo!
Nos mercados de rua
então nem se fala, é aquele cheiro maravilhoso de peixe, carnes, frutas de todo
genero, tamanho e cor, verduras por toda parte, tudo unido ao mais gostoso som
de conversa fiada, discussao de preço, gritos daqueles que querem vender mais pelo
tradicional „aqui é o mais baixo preço“,
de sorveteiros, pipoqueiros, vendedores de roupa, sapatos e outras „bugigangas“
mais.
E quem é que näo sabe
que está num banheiro limpinho quando entra em um? Que coisa gostosa sentir
aquele cheirinho de Pinho Sol ou mesmo o cheirinho de roupas lavadas com
„Quiboa“, penduradas no varal do fundo dos quintais! Que festa para os olhos ver toda aquela
mistura de cores, calcinhas, sutians, cuecas, meias, fraldas, panos- de- prato,
lençois, tudo esticadinho e preso com prendedores de madeira que se compra em
supermercados ou „armazéns“.
E não vão me dizer
que não se lembram dos tempos em que se passava cera no chão para ficar brilhando (nao sei se estou correta,
mas acho que a cera se chamava Colmeína), escovava-se com escovador de mão ou
com a enceradeira, um ritual de uma vez por semana que deixava a casa brilhando
e aquele cheirinho durava a semana toda.
Cheiro de nenê novo
então, que delicia. Os sabonetes Johnson eram indispensáveis para dar aquele
toque final e aquele cheiro de „após banho“ é inesquecível. Hoje que os meus
filhos já estão crescidos eu daria tudo prá sentir aquele cheirinho novamente.
E a comidinha
caseira? Ô gente! Que coisa boa chegar
em casa e sentir aquele „perfume“ de feijão cozido na hora, um refogadinho e a
mãe da gente dizendo: „“filha, hoje achei um milho lindo na feira e cozinhei
pra voce, do jeito que voce gosta“. Já que cheguei ao assunto de comidas, vamos
lembrar do cheiro da galinha de panela, aquela que a mãe ou „vó“ da gente matava
lá no fundo do quintal, tadinha da galinha, mas que depois a gente saboreava
até escorrer pelo queixo. Nada como uma boa Polenta com Frango, nao é mesmo?
Vamos falar a
verdade, que coisa maravilhosa e
dolorosa é a memória, não acham? Maravilhosa pois nos permite lembrar „como
hoje“ essas coisas do passado e dolorosa por nos fazer lembrar de coisas que
não voltam mais.
Se eu lhes disser que
não me esqueço nunca daquele cheirinho horrivel da Champion (hoje
International) ? Todo mundo reclamava... mas até hoje quando sinto aquele
cheirinho peculiar volto ao meu bom
tempo de juventude pegando o onibus da Santa Cruz e indo trabalhar como
secretária na Champion... aquilo era „Status“.
Nao sai da memória nunca.
Esses cheiros todos
nos transportam para um belo tempo que existiu, fez parte de nossas vidas,
marcaram para sempre em nossa memória.
Eu me pergunto se os
cheiros das ruas de Viena ficarão assim tão marcados na memória de meus filhos?
Será que eles vão contar aos filhos deles como era bom o cheiro dos bondes?
Duvido...
...........................
Saudade de „outro“ Brasil
Por enquanto acho que vou ficando por aqui
mesmo, viu? Na Áustria nao tem
nada disso! De vez em quando umas briguinhas aqui e acolá entre políticos,
mas "fichinha" em comparacao aos casos do Brasil.
Sim, morro de saudade do meu país. Mas acho que se analisar bem, a saudade
é das coisas daquele tempo atrás (sao mais de 30 anos!!!) que nao volta
mais.
Já nao sei mais o que é viver no Brasil de hoje, nao sei o que é enfrentar
ladrao, ser assaltado em plena luz do dia, entrar em caixas-automáticos
blindados olhando para o guarda lá fora com uma metralhadora na mao só
para sacar um pouco de dinheiro! Nao sei o que é ver favelados, gente
passando fome, mendigos, desrespeito à leis, corrupcoes, sujeiras políticas,
ladroes de alto calao, "baixarias" de senadores, governadores, professores sendo
nada disso! De vez em quando umas briguinhas aqui e acolá entre políticos,
mas "fichinha" em comparacao aos casos do Brasil.
Sim, morro de saudade do meu país. Mas acho que se analisar bem, a saudade
é das coisas daquele tempo atrás (sao mais de 30 anos!!!) que nao volta
mais.
Já nao sei mais o que é viver no Brasil de hoje, nao sei o que é enfrentar
ladrao, ser assaltado em plena luz do dia, entrar em caixas-automáticos
blindados olhando para o guarda lá fora com uma metralhadora na mao só
para sacar um pouco de dinheiro! Nao sei o que é ver favelados, gente
passando fome, mendigos, desrespeito à leis, corrupcoes, sujeiras políticas,
ladroes de alto calao, "baixarias" de senadores, governadores, professores sendo
ameacados pelos próprios alunos, coisas que
realmente chocam... Nao estou acostumada
a sair na rua e ter medo das pessoas no onibus,
no trem, no supermercado, no banco,
em todo canto, em todo lugar.
Cadê o Brasil de 1978??? Será que algum dia ele voltará a ser como era?
Nesse dia entao eu volto!
Cadê o Brasil de 1978??? Será que algum dia ele voltará a ser como era?
Nesse dia entao eu volto!
..............................
UM CARRO FEMININO
(Rosângela Scheithauer)
Milhões de mulheres necessitam de seus carros
para facilitar os afazeres da vida cotidiana. Levam crianças à escola, fazem
compras no supermercado, vão ao trabalho, viajam, visitam parentes ou amigas.
Podemos indiscutivelmente afirmar que o número de homens e mulheres motoristas
está na proporção de 50/50%. Levando
esta estatística em consideração, escrevo esta minha crônica particularmente às
indústrias automobilísticas, pois, ao meu ver não estão dando o valor merecido
às clientes femininas.
Analisem
bem: por acaso existe carro com um
compartimento para a bolsa da mulher? Se
existir, por favor queiram informar-me a marca.
Noto que a maioria dos comerciais aproveita a
beleza feminina para vender carros e outros produtos automobilísticos na
televisão. Claro, o sorriso maravilhoso de mulher feliz atrás de um volante
vende mais que o de um homem!
Só não entendo porque ainda não inventaram um
carro feminino!
Sim um
carro simples, prático e funcional com um compartimento para a bolsa.
Enfrento o mesmo dilema todos os dias: onde
colocar a bendita bolsa? Normalmente
jogo-a no assento ao lado, porém, esta opção não é a ideal se eu estiver
viajando com uma amiga, o que me obriga a colocar a bolsa no chão em frente aos
seus pés ou no assento de trás. Esta última opção será também inadequada se,
além da amiga, estiver viajando com meus dois filhos.
Quantas vezes esqueço de fechar a bolsa e na
primeira curva lá vai todo o conteúdo para o chão ou para aquela pequena fresta
da porta.
Todos sabem quantos objetos de primeira
necessidade a mulher carrega em sua bolsa, mas vale lembrar: chaves,
cadernetinhas, maquiagem, vidrinho de perfume, cartão de crédito, óculos,
pentes, chicletes, fio dental, lencinhos, papéis, enfim, todas aquelas coisinhas básicas importantíssimas.
Já
aconteceu de ser abordada por policias solicitando a minha carteira de
habilitação, ter que sair do carro, dar a volta, abrir a porta ao lado,
ajoelhar-me, ficar com a cabeça quase grudada ao chão, tendo o policial atrás
aguardando pacientemente enquanto eu, naquela posição de
„Napoleao-perdeu-a-guerra“
ridícula, procurava o documento.
Imaginem isso acontecendo em dia de inverno, temperatura a 8 graus negativos,
neve, tapete do carro todo sujo e molhado e o conteúdo da bolsa alí, todo
esparramado...
Houve ocasião em que um passageiro entrando em
meu carro com os sapatos sujos acabou pisando bem em cima da minha bela bolsa
de couro!
Outra situação já enfrentada por mim: a gentil
amiga coloca minha bolsa em seu colo, porém, ao sair do carro esquece-se da
mesma e tudo cai na rua, às vezes até sob as rodas.
Será que técnicos, construtores e planejadores
de carros nunca pensaram neste problema?
Tenho até um nome adequado ao novo modelo
: „Lady“.
Deixo minha idéia registrada e „patenteada“ na
internet. Se alguma indústria automobilística quiser usufruir e garantir
sucesso absoluto, estou à disposição
para maiores informações e detalhes.
Ah! Finalizando: não daria para empregarem mulheres técnicas,
construtoras e planejadoras nas firmas automobilísticas?
Ou será que teremos que esperar pelo dia em que
HOMENS começarem a carregar bolsas?
..........................................
WACHAU - Onde Deus parou para descansar
(Rosângela Scheithauer)
A Áustria é um país muito pequeno, pode-se percorrê-la de leste a oeste
em menos de 7 horas. Seria difícil apontar a região mais bonita, pois o país
inteiro é um verdadeiro cartão-postal. Entre as regiões preferidas eu diria que
Wachau está num dos primeiros lugares, pela sua beleza natural, seus vinhedos
encantados, árvores, frutas e, acima de tudo, a maravilha do rio Danubio
mostrando toda sua imponência e dando „show“ aos olhos dos turistas. A começar
do Castelo Schönbühel na „boca“ das colinas de Wachau, visto ao entrar a região
pelo Danubio. Logo mais, sempre ao longo do rio, outra beleza chamada
Dürnstein, uma cidadezinha com apenas 1.000 habitantes, considerada a pérola de
Wachau. O rei inglês Ricardo Coração de Leão não deve ter tido a mesma
impressão, pois foi feito prisioneiro no Castelo Dürnstein no ano 1192; hoje as
ruinas no alto da colina convidam turistas a fazerem um passeio até lá a fim de
poderem admirar o esplendor do belo Danubio.
Wachau faz parte da Áustria Inferior, ou Baixa Áustria, também conhecida
como a melhor e mais conhecida região produtora de vinhos. Dizem os
conhecedores que o vinho branco desta região faz a mais perfeita simbiose com o
prazer de comer bem, calor humano e simpatia. Por toda parte é possivel sentir
o calor com que os anfitriões recebem seus hóspedes, sempre com um sorriso
amigo e palavras de boas-vindas. Nem é necessário visitar restaurantes finos
para se apreciar o tratamento amistoso das pessoas; qualquer „Beisl“ (pequenos
locais) dá a mesma sensação, tomando um copo do delicioso vinho acompanhado de
pão e fatias de salsichas variadas. A maioria dos locais gastronômicos possui
um jardim com mesas e cadeiras para que os hóspedes se „sintam em casa“. Na primavera e verão é impossivel achar um
austríaco „dentro“ dos restaurantes, eles preferem ficar para „fora“, nos
jardins, apreciando a natureza, comendo, bebendo, ao som de sanfonas e violinos
tocando valsas ou músicas típicas.
Quem visitar esta região entre Abril e Maio poderá vivenciar uma
experiência inesquecível: o florir das árvores de damasco. É um verdadeiro
colirio para os olhos aquelas centenas de árvores carregadas de flores brancas
e rosadas. A colheita das frutas é feita em Agosto, austríacos de todo país vêm
buscar as frutas para a própria manufatura de geléias e „schnaps“, um tipo de
aguardente chamado „Marilleschnaps“. Sempre digo aos meus amigos que esta é a
„cachaça“ dos austríacos!
Outra atração da região é a famosa igreja barroca de Dürnstein, pintada
em tom azul-claro, a mais fotografada e amada,
conhecida como „Dedo Indicador de Deus“.
De acordo com a lenda local, Deus parava aqui para descansar enquanto
criava o mundo.
Como diz aquele ditado italiano: „si non é vero é ben trovato“. (se nao for verdade, foi bem inventado).
..........................
Tempo bom aquele...
(Rosângela Scheithauer)
Vocês também, como eu, têm aquela música especial que sempre os
transporta para a infância ou juventude? Devem ter, pois a música é poderosa,
arquiva-se em nossa memória e nunca mais sai. Não me lembro se foi Nietzsche ou
outro filósofo a dizer: „Sem música a vida teria sido um engano“.
Quantas vezes me transportei anos na vida ao ouvir músicas relacionadas
ao passado. John Lennon é um dos que me leva aos tempos dos doces 16 anos,
calça boca de sino, camiseta curta mostrando o umbigo, roupas psicodélicas da
era hippie. Cantava a canção „Imagine“ sem entender um „a“ de inglês e a sabia
de cor! Aliás, ele sempre foi meu grande
ídolo, tinha um caderno de capa dura onde colecionava suas fotos. Sentia
verdadeira paixão por John e quando o via abraçado a Yoko a recortava.
Na época possuia uma vitrola de rotação, hoje deve ser peça de museu,
onde ouvia repetidamente as músicas de seu LP, sendo „Imagine“ a mais tocada.
Minha querida avó (leiam uma outra crônica minha entitulada „A minha vó“)
chegava a brigar comigo dizendo: „Fia, chega de ouvir sempre esse „pipo“ –
referia-se ao „people“ quando eu cantava „imagine all the people...“ centenas
de vezes seguidamente.
Quem nunca ligou um fato de sua vida a uma trilha sonora? Quer coisa
melhor do que ligar o rádio e ouvir aquela canção predileta? é como se o cantor
nos dissesse „bom dia, coração“!
Nada mais romântico que estar num restaurante jantando à luz de velas
ouvindo canções de Toni Benett ou Frank Sinatra. Não precisaria de caviar ou
champagne para acompanhar, bastaria macarrão, vinho e a música para fazer da
noite um evento especial.
Quantas vezes nos engarrafamentos coloquei meu CD favorito e me deixei
levar pelos sons de pura magia me fazendo esquecer do caos lá fora.
Até mesmo as canções infantis marcam, como aconteceu outro dia em
Attersee, um dos mais belos lagos da Áustria, repentinamente ouvi alguém
cantando o „Nana nenê que a cuca vem pegar“. A principio achei que estava
sonhando, não era possível alguém na Áustria cantando o „nana nenê“! Estávamos
em um restaurante e, para minha surpresa e alegria, deparei com uma brasileira
de Recife, casada com austríaco, cantando para seu bebê dormir. Quase chorei de
emoção! Cantei a mesma canção tantas vezes para meus filhos! Fui até ela e a
abracei comovida.
A música nada tem a fazer com limites, simplesmente chega e se aloja
dentro de nós, sem algemas nem parâmetros. Como na arte, música é questão de
gosto, não deve ser discutida, pois cada um tem seu gênero predileto.
Sim, Nietzsche ou seja lá quem foi que disse
„sem música a vida teria sido um engano“ tem toda razão. Não somente um engano
– não seria vida!
...............................
Ordem
familiar
(Rosângela Scheithauer)
Cada vez mais percebo que a convivência com pessoas incapazes de manter
ordem em seus pertences torna-se difícil; a convivência com pessoas incapazes
de manter ordem nos pertences dos outros
é ainda pior! Tenho três dessas últimas espécies em casa e admito às vezes
perder a paciência com suas desorganizações.
Citando um exemplo de situação corriqueira:
compro um jornal e vou para casa feliz na expectativa de sentar na poltrona da
sala e ler tranqüilamente as noticias do dia; coloco-o na mesa enquanto vou
para a cozinha preparar um café, pois gosto de um cafézinho enquanto leio o
jornal – posso me dar esse luxo, não? Levo a xícara de café para a sala, sento
na poltrona predileta, estendo a mão para pegar o jornal e cadê ele?! Evaporou como em show de mágica. Procuro-o por toda casa e encontro a seção de
esportes no banheiro, a seção infantil em um quarto, cultura e política em
outro e a seção internacional continua desaparecida. Pergunto se alguém viu a
„minha“ seção internacional e, obviamente, ninguém viu ou pegou nada da mesa.
Como dizia minha avó: „isso é obra do espírito santo“!
Outra situação: chego em casa à noite após um longo dia de trabalho,
reuniões escolares, compras e afins, tendo em mente única e exclusivamente a
cama para me deitar e dormir. Impossível!
Ao estender meu corpo sob as cobertas noto „farelinhos“ de biscoito ou
algum outro tipo de comestivel deixado por algum membro da familia justamente
no „meu“ lado da cama. Não me resta outra solução senão levantar, chacoalhar
toda a coberta e, eventualmente, até trocar toda a roupa da cama. Nisso o sono
e a vontade de dormir passa e lá vou eu para mais uma noite mal dormida.
Na maioria das familias o irmão sabe que não pode mexer nas coisas da
irmã e vice-versa. Ambos também sabem que de maneira alguma devem „bagunçar“ a
escrivaninha do Papai pois estão cientes das consequências.
Entretanto, sem qualquer peso na consciência, desarrumam, escondem,
pegam sem pedir, emprestam e não devolvem objetos que a dona-de-casa e mãe
necessita para o bem-estar e ordem familiar. Tudo isso porque os membros da
familia nem sequer sonham que a dona-de-casa e mãe também possui alguns
pertences de grande importância ou necessidade.
Até já pensei em iniciar uma guerrinha em casa: se sumirem com meus
pertences, sumirei com os deles, uma seção internacional do jornal contra um
tênis Nike. Será que só assim para
entenderem o significado de „ordem familiar“?
Aaaah… xápralá vai !
.................................
QUANDO O CORAÇÃO TRAVA
(Rosângela Scheithauer)
Só me dei conta do quanto uma simples
crônica pode afetar alguém ao ler o e-mail de um amigo internauta dizendo que
chorou ao ler uma das que escreví.
Era uma hora da madrugada e, de repente, ele voltou atrás anos de sua
vida relembrando fatos vividos em sua infância e juventude.
Aí eu me perguntei: e não é justamente isso que nós escritores
esperamos que aconteça? Que alguém leia nossos textos e se sensibilize a ponto
de chorar ou morrer de rir?
Afinal de contas, não é por acaso que dedicamos bom tempo de nossas
vidas sobre livros e folhas em branco!
Minha intenção como escritora é a de fazer exatamente isso, de tocar lá
no fundo, de fazer o coração travar.
Escrevo sobre minhas experiências, minha infância, juventude, namoros,
tudo o que marcou em minha vida. E se alguém se identifica com minhas
vivências, coloca-se em meu lugar, sente o que sentí, vive o que viví e chora o
que chorei, minha missão pode se dar por cumprida.
Na crônica em questão eu escreví sobre meus pais, ele enxergou os dele,
falei de meus namorados e ele se viu namorando no fundo de um quintal, à luz
vermelha dançando abraçadinho ao som dos Bee Gees. Falei do meu filho e ele se
viu no hospital aguardando o nascimento da filha, sentindo as dores do parto de
sua esposa, rolou em seu rosto a mesma lágrima da hora do primeiro choro do
nenê, voltou toda a ansiedade e o medo por se sentir impassível diante de um
dragão.
Tudo isso por causa de algumas palavras escritas por uma pessoa que ele
nem sequer conhece pessoalmente! Por
alguns momentos, no outro lado do mundo, um coração travou-se com minhas
palavras.
Ele até me pediu para no futuro, quando escrever textos semelhantes,
colocar ao lado do título o grau de profundidade que irei abranger.
Não são todas as pessoas que conseguem sentir a profundidade das
palavras do escritor, mas as poucas dotadas desta sensibilidade servem como
estímulo nesta árdua luta tentando encher folhas com palavras que transmitem um
sentimento!
O coração dele travou, o meu só se abriu!
............................................
Rerum omnium thesaurus memoria
(A memória é o tesouro de todas as
coisas)
De um tempo para cá tem me ocorrido,
assim, quase que do nada, lembranças do meu passado; não passado recente, mas
passado bem distante; lembranças de detalhes que normalmente eu não me
lembraria assim, do nada e que não foram tão marcantes ou relevantes como por
exemplo lembrar de quando meu avo José Magaldi (que eu chamava de Vo Gordo) me
colocava sentadinha no portao da casa da Rua Joao Teodoro e dizia: „fica
quietinha aí Fia, vou comprar uma maca pra voce ali na esquina e jajá eu
volto“. Lembro-me dessa cena direitinho,
lá longe na dobra da esquina vejo-o voltando com a maca vernelha na mao.
Falo de lembranças de pessoas, frases,
coisas que fiz, comidas que experimentei, sons que ouvi, imagens que capturei e
ficaram registradas, principalmente de quando eu era criança.
Recordar é bom, porém às vezes dói, pois
nos transportamos para um tempo que infelizmente nao volta mais.
Vou detalhar algumas das coisas que mais
me lembro da infancia e voce que está lendo faca uma marquinha naquelas que
também se lembra – só pra ficar mais gostosa a leitura e colorir a lembranca.
Comecarei mencionando os doces, que
aliás, me perseguem até hoje (como dizia minha avó „sou uma formiguinha“):
-
Lembro-me daqueles
saquinhos coloridos que eram vendidos nas feiras e vinham dentro de embalagens
de plástico transparentes no formato de carrinhos, revólveres (naquela época
ninguem levava a mal brincar com revólveres), frutas, etc. Eram ruim pra burro, mas dava a maior
vontade!
-
Havia umas
garrafinha de refrigerante que naquela época dos idos anos 60/70 tinham rótulo
de papel e um pedaco de cortica dentro da tampinha de metal; de vez em quando aparecia umas promocoes
interessantes: tínhamos que raspar a
cortica pra ver se na tampinha estava registrado algum „premio“. Nunca soube de ninguem que houvesse ganhado
algo, mas todo mundo raspava.
-
Lembro-me do
guaraná caculinha da Antárctica e
daquelas máquinas de padaria onde tinha que colocar 25 centavos para tirar
alguns confetes ou aqueles chicletes
coloridos no formato de bolinha ou entao um punhado de feijoezinhos
coloridos! Era uma diversao!! Nao fazia isso com frequencia, pois nao tinha
os trocadinhos necessários. Por falar
nisso, naquela época ninguem tinha
mesadas como as de hoje em dia, nao havia consumismo algum, vivíamos com pouco
e mesmo assim éramos felizes.
-
Lembro-me daqueles
pacotinhos de Ki-Suco que tinha a jarrinha sorrindo!
-
Adorava os
pirulitos Zorro – aqueles compridinhos no formato retangular. Muitas vezes grudava no dente e demorava até
conseguir desgrudar!
-
Havia uma bala de
mel e também uma de banana que quase arrancava as obturacoes dos dentes da
gente!
-
Lembro-me quando
minha mae fritava Mandiopa – uma massinha que ela fritava e ficava enorme e
encharcada de óleo, mas que era uma gostosura!
-
E aqueles doces vendidos
na rua, alguem se lembra? Um tio da
minha mae, o tio Diogo, andava pela cidade inteira carregando uma cesta
vendendo quebra-queixo, machadinha, amendoim caramelizado, doce de coco branco
e coco queimado, doce de leite…
nossa, era tudo de bom!
-
Quem se lembra do
sorvete de Itu, cilíndrico e com 3 cores, cada cor com um sabor;
-
Dos doces do
armazém da D.Eunice Davoli: coracao de abóbora e batata, maria-mole, teta de
negra, doce de banana no copinho de sorvete, chupetinha ou galinho que eram
vermelhos feitos de acúcar queimado
- uma perdicao para os dentes,
mas as criancas adoravam!
-
Lembro-me daquelas
promocoes da Kibon onde tinha que juntar 7 palitos com a marquinha da Kibon
para depois trocar por outro picolé.
-
Ahhh! E aqueles
vendedores de algodao doce que faziam barulho com uma matraca que era um pedaco
de madeira com um pedaco de ferro que batia de um lado para outro e fazia plac
plac plac plac!
-
E aqueles Dadinhos
da Diziolli? Havia até alguns em loja de
mágica que soltavam tinta azul na boca e depois ficávamos mostrando a lingua
para os amigos!
-
Lembro-me do Toddy
que tinha um índio como mascote e na época vinha com uns bonequinhos dentro do
video.
-
Havia aqueles
sorveteiros que vendiam uns sorvetes que saiam de uma máquina onde em cima
havia umas garrafas com um líquido colorido, cada um com sabor diferente. Depois de escolhido o sabor o sorveteiro abria a torneirinha da garrafa
correspondente!
-
Nossa! Quem se lembra do Pingo de Leite da Avaré?
-
Eu adorava fazer
creminho de leite em pó Ninho, que naquela época dentro da lata havia uma
medida de metal, daí eu colocava várias medidas em um copo, bastante acucar e
água que pegava da talha. Uma delicia!
-
Quem nao se lembra
de ter visto a mae ou avó passando café em coador de pano? Por muito tempo minha mae só usava coador de
pano -
e o café dela era delicioso.
-
E vai me dizer que
voce nunca comprou uma „bengala“ na padaria?
Ou os sonhos da padaria Alvorada
(da familia Bernardes) - eram recheados com um creme branquinho
delicioso. Até engolí seco agora!
Agora é a vez de mencionar os brinquedos e, como já mencionado anteriormente, nao tínhamos muitos, mas os poucos que tínhamos eram realmente
usados até o fim, ou seja, brincávamos sem parar.
-
Alguém se lembra
daqueles „bate-bate“ que eram vendidos na banca de jornal? Era composto de duas
bolas de resina presas por um cordao que ficava batendo e fazendo o maior
barulho… e nao era nada legal quando uma das bolas pegava no dedo da gente!
-
Perdi horas e horas
tentando decifrar o Cubo Mágico.
-
Quem aí nunca
empinou maranhao (também chamados de Pipa ou Papagaio), jogou piao, bateu
figurinhas fazendo antes „bafo“ com as maos.
-
Piao de gude era
brinquedo que os meninos gostavam de brincar, mas as meninas também!
-
Lembro-me do
Cachorrinho Xereta, tinha que puxar uma cordinha no pescoco pra ele sair
andando.
-
Quem é que nao leu
os gibizinhos do Pelezinho, Turma da Monica, Fantasma, Mandrake ou mesmo as
histórias da Carochinha? Meus irmaos
colecionavam esses gibizinhos, entao sempre tinha em casa pra gente ler.
-
Das brincadeiras de
taco na rua e das „descidas da ladeira“
com carrinho de rolema.
-
Das andadas de
biciletas… certa vez fui tentar „copiar“
a fantástica idéia do Sidney Coser de andar de olhos fechados. Já imaginaram o resultado, né? Voltei pra casa toda esfolada!
-
Havia uns decalques
que a molhávamos na água para depois serem aplicados no caderno o uno livro de
escola.
-
Os meninos
colecionavam figurinhas e viviam trocando entre amigos para ver quem conseguia
encher o caderno em primeiro lugar. Esses
cadernos eram vendidos na banca.
Vou tentar relembrar os programas de TV
que mais marcaram:
-
Alguém se lembra de
ter assistido aquele documentário do Canal 100 antes de ver o filme no
cinema? Daquela mensagem da censura que
dizia que tal programa na TV era apropriado para maiores de xx anos.
-
Do técnico de TV
que ia lá em casa trocar uma bendita válvuva queimada!
-
Das vezes que meu
pai ou algum parente subia no teto da casa pra ir virar a antena quando a TV
nao pegava direito. Era aquela gritaria
! A pessoa lá em cima perguntava: „ Tá
bom assim?“ e a de pessoa lá de baixo
respondia „ Vira mais um pouco“ até achar a posicao ideal para pegar o canal
desejado.
-
Dos filmes tipo
„Combate“ que assistíamos com meu pai na sala e muitas vezes caíamos dormindo no
sofá e depois éramos levados para cama. Às vezes eu até fingia que estava
dormindo só pra ter o gostinho de ser levada no colo para a cama!
-
Se nao me engano a
primeira novela que me lembro de ter assistido foi Ressureicao - depois mais pra frente uma outra que marcou
foi Selva de Pedra com o Francisco Cuoco
que era „um pao“ - gíria da moda
equivalente ao „gato“ de hoje em dia.
-
Aos domingos havia
o Programa do Chacrinha e do Silvio Santos.
Esse último continua na TV com o mesmo programa, entao todo mundo sabe
quem é!
-
Lembro-me
direitinho quando o Roberto Carlos ganhou o primeiro lugar lá em San Remo, na
Itália, com a música „Canzone per te“ em
1968. Um orgulho para todos nós
brasileiros, pois até entao nunca nenhum artista estrangeiro havia conquistado
esse premio!
-
Alguém se lembra
daquela propaganda de um Xampu – se nao me engano era da L`Oreal onde a mocinha dizia: „Ei ei!!! Voces se lembram da minha voz?
Continua a mesma, mas os meus cabelos!!!!!“
-
Lembram daquela propaganda do Perú da Sadia, aliás, virou símbolo da marca sadia aquele peruzinho
que usava capacete e óculos de motoqueiro!
-
E tinha aquele anuncio que era assim: Cena de um casamento, padre falando… aí a
noiva comeca a se lembrar de quando eram criancas e aparecem as cenas
nebulosas… „desde que era crianca ele já era bonitinho e engracadinho! Acho que
desde aquele instante peguei-o pelo estomago! Mamae passou a colocar dois
sanduíches na lancheira! Aí o menininho
pergunta: „É pao Pullmann?“ e ela
responde, em voz alta, no presente, no mesmo instante que o padre faz a
clássica pergunta: „Aceita-o como seu
legítimo esposo?“ ao que ela responde:
„Sim, Pullmann!“
-
E por falar em televisao, alguem se lembra daquela
Colorado preto e branco? Normalmente era acompanhada por uma mesinha de ferro e
fórmica e na tela víamos o Cid Moreira e o Francisco Cuoco de cabelos
pretos!! Às vezes dava problema na
imagem, entao além do Bombril na antena, colocávamos um papel celofane verde,
azul ou vermelho na frente da tela para dar um „colorido“ mais bonito! Com o alaranjado também ficava jóia!!!!
Lembrando-me dos carros daquela época:
-
Quem se lembra do
Gordini; TL; DKW; Simca Chambord; Kharmann-Guia; Vemaguete; Romiseta; Dalphini;
AeroWillis; Maverick?
-
Voce se lembra de
ter andado em um Puma GTB ou em um Passat TS,
no clássico Opala ou no Chevette
SS que tinha faixas pretas pintadas no capo?
Era o máximo!
-
Mais pra frente
surgiu o Corcel I e depois o Corcel II
-
Lembram-se das
lambretas? Era o máximo „dar uma
voltinha“ vestindo calca boca de sino de
cor bem forte usando óculos de gatinho.
Certa vez mandei fazer uma calca boca de sino roxa, acho que devia medir
uns 50cm só de boca. Lembro-me de ter usado essa calca em um baile de carnaval
e no dia seguinte saí direto do clube para ir trabalhar na Champion! Nao deu tempo de voltar pra casa para trocar
de roupa!!! Já imaginaram a cena? Ainda bem que o meu chefe tinha um bom senso
de humor.
Roupas que vestíamos naquela época:
-
Quem se lembra do Ked´s?
-
Das calcas cocota
ou também chamadas de Saint-Tropez?
-
Usei muitas
Japonas.
-
E voces Meninas,
por acaso usaram cinta-liga? Calca Topeka? Anágua ou combinacao? Blusas ban-lon?
-
Lembro-me que o meu
maior desejo era ter um macacao Lee, mas
custava muito caro porque era „importado“.
O Zé da loja Santista era o único que tinha pra vender na época. Com 15 anos fui me oferecer para ajudar a
Cema Dovigo no salao de cabeleireiro que ela tinha ali na Santa Cruz, aprendi a
fazer unhas e ia lá ajudá-la aos sábados porque o movimento era grande. Com o dinheirinho que ganhei trabalhando
consegui economizar o suficiente para comprar o meu tao sonhado macacao
Lee! Que alegria depois poder „desfilar“
com ele pela praca Sao José. Por baixo eu usava uma camiseta amarela
curtinha daquelas que deixavam a barriga
de fora.
As lembrancas vao passando em minha
mente como fita de filme que vai passando devagar e vai me fazendo voltar aos
anos passados. Lembro-me daqueles
senhores que ficavam na porta da escola vendendo doce e também salgadinhos de
pacote (tinha de cebola, de queijo, mas na verdade nao tinham gosto de nada!) e
vendiam também amendoim em um cone de papel.
Lembro-me daquele senhor que tinha uma carrocinha que ficava parado ali
na praca Sao Jose vendendo pipoca que depois a gente colocava um tipo de
pimenta por cima. Nunca em nenhum outro lugar do mundo comi pipoca desse
jeito. E havia também aqueles senhores
que vendiam raspadinha - lembro-me de um que ficava sempre ali no
Jardim Velho com um pedacao enorme de
gelo que ele raspava e colocava groselha por cima servido em um copinho branco
no formato de cone. Era a chamada Raspadinha!
Fui alfabetizada com a Cartilha Caminho
Suave, era uma cartilha que despertava a
imaginação, talvez por isto aprendia-se a ler com facilidade e a gostar de
estudar !
Graças a cartilha Caminho Suave e posteriormente a Monteiro Lobato, com as estórias do Sítio do Pica Pau Amarelo aprendi o que um estudante de segundo grau e até mesmo alguns atualmente na faculdade desconhecem. Adorava ler!
Graças a cartilha Caminho Suave e posteriormente a Monteiro Lobato, com as estórias do Sítio do Pica Pau Amarelo aprendi o que um estudante de segundo grau e até mesmo alguns atualmente na faculdade desconhecem. Adorava ler!
Fiz curso de datilografia lá na escola da D.Cecilia Parra – a melhor
escola da cidade. Nos dias de prova as
teclas ficavam todas tampadas e tínhamos um determinado tempo para datilografar
o texto que nos era dado. As máquinas
eram Olivetti e muitas delas tínhamos que bater bem forte para a tela
entrar.
Na escola eu usei Desenhocop, régua geométrica, borrachas Mercúrio de
duas cores, lembram? (azul para tinta e vermelha para lápis).
Os banheiros tinham uma privada onde havia uma cordinha pra gente puxar
para dar a descarga.
Quem se lembra de ter tomado banho de bacia?? E a água, que era aquecida na chaleira e
depois misturada com água fria, tinha que dar ao menos para duas pessoas - primeiro uma, depois a outra. Os chuveiros elétricos só comecaram a
aparecer mais tarde. Sabonete era da
marca Gessy Lever que usávamos até ficar
fino como uma gilete.
Os sapatos eram engraxados com graxa Nugett ou Odd que tinha uma latinha
com um abridorzinho em forma de borboleta. Algumas pessoas colocavam a latinha no fogo para derreter a graxa quando
ela ficava quebradica.
Lembro-me daquelas máquinas fotográficas Xereta da Kodak que usavam
aqueles cubos de Flash!
Meu pai contou que antigamente os homens iam aos barbeiros para fazer a
barba com navalha. Quando terminava ele
perguntava aos clientes: álcool ou talco?
O único pós-barba que existia na época era a Água Velva.
As geladeiras da época eram Frigidaire ou Brastemp, aquelas redondinhas
com o indispensável pinguim de porcelana em cima!
Nas escolas fazia-se os trabalhos
escolares em papel almaco e enfeitava-se a casa com papel crepom.
Lembro-me dos lanterninhas dentro dos cinemas que ajudavam as pessoas a
achar seu assento quando a sala estava escura.
Os perfumes da época eram Seiva de Alfazema, Leite de Rosas, desodorante
Avanco e Palmolive, Alma de Flores. Para os homens era o perfume Embassy, mas um pouco mais tarde nos anos 70 o mais chique (e super caro) era o
perfume Paco Rabanne.
Meninas, voces se lembram das saias de Tergal e das Balones? Calcas Semi-Bag? Sandália de plástico com
meia soquete prateada?
Lembrei-me dos gibis da Luluzinha e Bolinha e sua Turma. Nao tinha quem nao lesse os gibis da Monica e
Cebolinha e muitos de meus amigos adoravam colecionar. A meninada pegava
aqueles já lidos e relidos e levava até o tio da banca para trocar dois por um.
Era uma festa voltar pra casa feliz e contente com uma nova pilha de
revistinhas para ler e entrar naquele mundo de fantasia que elas
proporcionavam. Havia umas revistas
chamadas “Risca Aparece” que eram inteiras em branco, aí pegávamos um lápis e
ficávamos rabiscando e desenho ia aparecendo. Tinha também aquelas “Pinte com
Água” onde se molhava o pincel na água e ia passando no desenho em branco e
cada parte do desenho ficava pintado de uma cor diferente. Parecia mágica!
Quem aí já usou goma arábica como cola para trabalhos escolares? E quem fez cola caseira utilizando farinha
de trigo e água para colar
maranhao? Eu própria nao fazia, mas meus
irmaos sim!
Na casa de voces tinha aquela bombinha de aluminio para espirrar Detefon
e acabar com a vida dos pernilongos?
Nossa, aquilo lá era um verdadeiro veneno - e
nao sómente para os pernilongos!!!!!
Lembro-me que na escola primária Santa Cruz do Belém (hoje chama-se Francisco Piccolomini) eu usava uma régua de tabuada. Ai de quem nao soubesse a tabuada de cór e
saltado!!!
Antes de comecar as aulas a escola inteira se reunia no pátio principal
para cantar o Hino Nacional e depois cada classe seguia em fila indiana do
menor ao maior em direcao às suas respectivas classes. Na hora do Recreio cada um pegava a sua
lancheira de plástico, dentro havia uma garrafinha de plástico que a mae da
gente enchia com suco de groselha e um lanchinho. Muitas vezes comíamos uma sopa feita na
cantina da escola..
Tínhamos cadernos brochura (sem espiral) com o Hino do Brasil na
contracapa e cadernos de caligrafia para melhorar a letra e escrever
“redondinho” como mandava a professora. Lembro-me que a professora Dona Regina
(Pictu) nao admitia “garranchos”, todo
mundo tinha que escrever certinho e na linha – senao, de castigo, tinha que repetir uma folha inteira com palavra que tivesse sido mal escrita. Saudade da Dona Regina, Dona Maroca, Dona
Silvia, Dona Neli e nao poderia deixar
de mencionar a minha própria mae, Dona Eunice, que foi minha professora - aliás de todos nós 5 irmaos - do 4° ano primário. Nao houve outra professora que soubesse
ensinar tao bem o portugues como a minha mae!
Vestíamos uniforme de tergal azul marinho e blusa branca e cada escola tinha o seu próprio
emblema. No ginásio Monsenhor Nora o
uniforme era calca ou saia cinza e blusa branca. Foi a época em que apareceram
as mini-saias, que eram proibidas no
ginasio, entao quando saíamos das aulas dobrávamos umas 3 vezes na cintura para
encurtar a saia! Tínhamos que mostrar
uma carteirinha para entrar e nessa carteirinha eram carimbadas as nossas
presencas. Se nao podíamos ir à aula
recebíamos o carimbo de ausente e os pais tinham que escrever um atestado de
ausencia na parte de trás. Quantas vezes nós próprios falsificamos nossas
ausencias, óbvio! No final havia uma
parte onde apareciam as notas - em azul se fossem positivas e em vermelho se
fossem negativas. Os pais tinham que
assinar a cada bimestre.
Ah! Eu tinha uma caneta com 10 cores, se nao me engano era de metal e
tinha um pininho que puxava a cor desejada para baixo, entao podia-se trocar o
tempo todo. Os cadernos eram sempre bem
coloridos e os títulos dos trabalhos escolares eram sempre escritos em várias
cores. Os cadernos eram todos encapados
com papel ou plástico. Todo comeco de
ano escolar era aquela “encapacao” de caderno e livro que nao terminava mais.
As provas das escolas vinham em cópias tiradas no Mimeógrafo e por isso tinham um cheirinho de álcool -
algumas até chegavam borradas nas maos da gente.
Eu tive aulas de Estudos Sociais, Ciencia e Saúde, Filosofia, Educacao
Moral e Cívica e também de Artes. Até
aulas de trico eu tive, mas nunca tive
jeito pra isso e pedia para a minha amiga Fátima Davoli que me ajudasse.
Lembrei-me daqueles estojos de madeira da Faber Castel que eram pesados
e vinham com duas canetas (vermelha e azul), doze lápis de cor, uma régua, um
compasso, outra régua cheia de furinhos pra gente fazer círculos de vários
tamanhos, borracha e nao sei mais o que.
Nao era todo mundo que tinha um estojo assim, pois eram muito caros. Também existiam aqueles estojos com botoes
onde cada botao apertado abria um copartimento diferente. Lembrei-me de umas
borrachas que nunca apagavam direito, entao sempre tinha quem lambia a parte
azul para poder apagar e acabava fazendo o maior furo na folha do caderno. Ai
de quem arrancasse alguma folha do caderno!
O professor tirava ponto.
Meninas, lembram-se dos perfumes Toque de Amor, Charisma e Sherazade da
Avon? Tinha um outro também que vinha
num vidro em forma de noiva.
Nós íamos fazer “penteado” na cabeleireira - ficávamos parecendo a Amy Winehouse com aqueles
“ninhos” na cabeca. Mas naquela época
era lindo. Depois apareceram os lacos que colocávamos atrás para prender o cabelo.
Tinha laco que era maior que a cabeca da gente!
E lembram-se que nao tínhamos vergonha de sair na rua de “bobs” na
cabeca? Algumas usavam uns lencos para
cobrir os “bobs” e nao ficarem tao expostos... e desse jeito íamos ao
supermercado, saíamos na rua e todo mundo achava aquilo bem normal.
Como é bom poder lembrar disso tudo.
Foram momentos que marcaram para sempre e é uma grande alegria poder
desfrutar com voces essas lembrancas tao queridas.
..................................
Só dá nó!
(Rosângela Scheithauer)
Nunca conhecí mulher que gostasse de pregar botão. Na minha familia
perder botão virou moda ultimamente. E já repararam que quando um botão
desaparece a peça de roupa torna-se inútil? Claro, porque nunca mais se consegue
um botão igualzinho e acaba acontecendo que a pobre da mulher precisa comprar
novos botões e pregá-los um a um.
No Brasil sempre há uma costureira aqui ou acolá que faz este „simples“
trabalho e o problema está resolvido, mas aqui na Austria? Primeiro, é
dificílimo achar uma costureira e segundo se eu tiver a sorte de achá-la,
cobrará os olhos da cara para pregar os benditos botões e o resultado da
história é o serviço sempre acabar sobrando para mim.
Na verdade, nem ponho a culpa no marido ou filho quando fecham as
camisas indisciplinadamente ao ponto de perder seus botões. A culpa é dessas
benditas máquinas das fábricas de confecções, pois não os pregam
adequadamente e os deixam só pendurados
na peça. Essas máquinas pura e simplesmente dão umas três voltas de linha ao
redor do botão e depois deixam um fiozionho solto, causa de toda a
problemática! Falta aquele nózinho final e essencial, aquele dado com os dedos
e para isso, infelizmente, ainda não há tecnologia. Pôxa! Estamos na era dos
mais modernos aparelhos eletrônicos, computadores, celulares discando apenas
com o som da voz e nenhuma máquina decente pregando botões?
Estou começando a achar que entre as fábricas de camisas e as de botões
deve haver um complô para que uma ajude a outra. Analisem bem, ou a mulher sai
para comprar uma nova camisa ou para comprar novos botões e uma das fábricas
sempre acaba lucrando nessa jogada.
Estas empresas devem dar graças a Deus as mulheres ainda não terem
armado a „guerra dos botões“. Pelo menos não ainda... estou seriamente pensando
em iniciá-la! Vai dar o maior nó!
.....................................
Dedico a poesia abaixo a todos os meus amigos.
MEUS AMIGOS
(Rosangela Scheithauer)
Queria compor um poema
Que descrevesse meus
amigos
Que falasse das suas
virtudes
E também das suas
manias
Impossível falar de cada
um
Pois todos me são
importantes
Em alguns encontro um
pai
Em outros um irmão
Alguns me fazem rir
Outros enxugam as
lágrimas
Quando me sinto só e
abandonada
Há aqueles que não falam
muito
E escrevem mais
Há os que escrevem
pouco
Mas falam muito
Meus amigos são pessoas
Que tem no peito um
coração
Que pulsa a cada contato
A cada encontro
A cada troca de palavras
Se Deus criou o amigo
Prá ser amigo de verdade
Então Ele foi generoso
E os deu todos para mim!
.....................................
A poesia abaixo é dedicada à mulher mais linda deste mundo:
A MINHA MÃE
Rosângela Scheithauer
À pessoa que me deu a vida,
ensinou-me a falar, caminhar, rezar
ficou ao meu lado
em tempos de tempestade
orou por mim
em momentos de dificuldade
seguiu meus passos, riu meus risos
chorou meus prantos
sentiu na pele a dor da separação
rogou a Jesus pela minha proteção
nunca me deixou desamparada
foi sempre o anjo da minha estrada
à minha querida e amada MAE
o meu mais profundo agradecimento
por tudo o que aprendi a ser
pelo amor que nunca deixei de ter
por sempre estar ao meu lado
nas alegrias e nas tristezas
nas certezas e incertezas
obrigada por ser essa mãe maravilhosa
que Deus me deu como uma estrela
a mais bela, mais pura, a mais singela.
Mamãe, quero através desse poema
Deixar-lhe registrado o meu amor
Infinito como o céu
Puro como a flor
Eterno como o Senhor!
ensinou-me a falar, caminhar, rezar
ficou ao meu lado
em tempos de tempestade
orou por mim
em momentos de dificuldade
seguiu meus passos, riu meus risos
chorou meus prantos
sentiu na pele a dor da separação
rogou a Jesus pela minha proteção
nunca me deixou desamparada
foi sempre o anjo da minha estrada
à minha querida e amada MAE
o meu mais profundo agradecimento
por tudo o que aprendi a ser
pelo amor que nunca deixei de ter
por sempre estar ao meu lado
nas alegrias e nas tristezas
nas certezas e incertezas
obrigada por ser essa mãe maravilhosa
que Deus me deu como uma estrela
a mais bela, mais pura, a mais singela.
Mamãe, quero através desse poema
Deixar-lhe registrado o meu amor
Infinito como o céu
Puro como a flor
Eterno como o Senhor!
................................................
CHOCOLATE E AMOR
(Rosângela Scheithauer)
Tudo o que eu quero
É um quarto em algum lugar
Distante do frio da noite,
com uma cadeira enorme.
Isso seria agradável!
Muito chocolate para eu comer
E muito carvão na lareira.
Tão agradável, sentada,
absolutamente quieta.
Rosto quente,
mãos quentes,
pés quentes.
Eu nunca me moveria.
Até que a primavera
Arrastasse sobre a soleira da janela,
a cabeça de alguém
meigo e ardente,
que tomasse conta de mim
e que descansasse sobre o meu joelho.
Ficaríamos sentados,
absolutamente quietos.
Isso seria agradável!
Gerânios vermelhos na janela,
muito chocolate
e muito amor.
.......................................
... E ficou
nao sei se foi destino
se foi rapaz ou menino
nao sei se foi paixao
se foi com lábio ou mao
nao sei se foi saudade
se foi mentira ou verdade
nao sei se foi loucura
se foi tristeza ou docura
nao sei o que foi
se foi pra ser
ou esquecer
só sei que foi bom
e ficou!
.......................................
Felicidade
(R.
Scheithauer)
Fiquei um bom
tempo assim ,
olhando o céu
pela janela
na área de
serviço
enquando te
aguardava do banho ,
sentindo o
perfume do sabonete
saindo com o
vapor pela porta
Agora retorno
à sala ,
te vejo me
esperar no sofá .
Beijo teus
cabelos ainda molhados ,
escondendo ver
o que acho em teus olhos.
Teu abraco é a
certeza
.............................
Foi
o que faltou
(R.Scheithauer)
uma vida que desconheço
um coração nao compreendido
um singular pensamento
e um composto sentimento.
eis a vida que escolhi
em um tempo que nao vi
num sonho ou pesadelo
foi-se a vida.foi-se a morte.
restou o pouco que há em mim
entre tantos brilhos
e poucos giros
tantos amores
e poucos valores
o que faltou foi o perfume
foi a chama
................
Folhas que o vento
levou
(R.Scheithauer)
Aqui sozinha penso em voce
Olho lá fora
O chao coberto de folhas
Amarelas, vermelhas
A chuva fraca cai lentamente
Nesta manha nublada e cinza
Busco algo que mude
As cores do meu dia
Deixei de me apaixonar
Minha alma ficou cheia
De ilusoes inventadas
Deixei-me entorpecer
Por carinhos e palavras
Tombei
Tropecei
Caí
Quanta falta voce faz
Seu corpo
Seu cheiro
Do qual me tornei dependente
Escrevo para aquele
Que sempre chamei de „Darling“
Que tanto já me fez sofrer
E ainda faz
Por ter me deixado aqui
E ido embora para sempre
Da janela só vejo as folhas
O vento as leva
Como levou voce
Só deixou a brisa
E este último lamento
Em forma de palavras
.................
Me abrace
Triste e solitária
E meus olhos refletirem
A tristeza de minh`alma
Quando o ceú se confundir
Com os podres da terra
E em minha mente
Não encontrar equilibrio
Entrarei em seu corpo
Tomarei suas mãos
E pedirei que me abrace
Assim bem apertado
E conforte um coração
Nem sempre compreendido
....................
Para ele.... P.
Paralelas
(R. Scheithauer)
Homen distante, inacessível, estes meu lábios
Guardam o
calor dos beijos nunca dados
Apenas selados com carinhos e palavras
Seus olhos penetram os meus como um raio solar
E sinto o trânsito de sua claridade inundar
minh`alma
Só você, homem distante, desejo aprisionado em mim
Pode trazer de volta o sorriso há tanto esmorecido
E unir pedaços de um quebra-cabeças ignorado
Esperarei como se espera os que voltam da guerra
Contando as horas com sonos repetidos
Vendo o sangue pulsar em minhas veias
Esperarei onde os esquecidos dormem seus sonhos
Onde a vida é caminho, cruz e fronteira
Onde o mar não separa continentes
E o sol nunca se põe no horizonte
Permanecerei todos os dias e todas as noites
Contarei as horas que marco com olhos de esperança
E verei passar a vida mesmo consciente que ela
É a única
capaz de unir estradas
Ou morrer sem nunca encontrar o caminho
Que nos colocou em linhas paralelas.
.................................
O amor que peço
(R. Scheithauer)
Já lhe pedí antes
Mas peço outra vez
A palava que aromou
Sua boca de veludo
A festa de amor
Que ainda não tivemos
E os soluços desenfreados
Em frente à janela jogados
Não peço o amor
Dos marinheiros
Que amam e partem
Com um beijo no portão
Deixam uma promessa
E se vão em pressa
Em cada porto uma mulher
Peço somente o amor
Que se reparte
Em beijos, leito e pão
Amor que pode ser eterno
Que não pede perdão
Que requer libertar-se
Amor profundo
sem fronteiras
Ou barreiras
Sem idade ou vaidade
..............................
Meu Brasil
Quando penso no Brasil
Vejo um céu azul cintilante
Um sol que brilha ardente
Um verde-amarelo contagiante
Um horizonte sem fim
Afundado na linha do mar
Vejo campos e cidades
Capitais com marginais
Províncias com bambuzais
Vejo um céu todo estrelado
Com as três Marias no telhado
Vejo música e poesia
Tanta luz e alegria
Vejo-me menina
Brincando na esquina
Vejo um Brasil todo mudado
Inteiramente ultrapassado
Um Brasil que não mais vejo
Só sinto.
Sinto muito.
.......................................
Dedico a voce, P.
Íntimo
Este íntimo secreto
que no silêncio é concreto,
este sofrer por dentro
num esgotamento completo,
este ser sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se e entregar-se,
descobrir-se e desflorar-se,
é só nosso
e de mais ninguém.
.........................
UM POUCO DE SAUDADE
(Rosangela Scheithauer)
Seu olhar
Não conta histórias
Não brota o fruto
nao planta a flor
Seu céu nao é azul
Nem é prateado
O que era antes
Já nao é mais
Não há nada a lembrar
Há tanto pra esquecer
E aprender a perdoar
Nao é piedade
nem é verdade
É só
E tao somente
..........................
este sofrer por dentro
num esgotamento completo,
este ser sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se e entregar-se,
descobrir-se e desflorar-se,
é só nosso
TALVEZ
(Rosângela
Scheithauer)
Coisas da
primavera
Tíbia tarde de março
Que o álito de abril cobre e leva;
Estou só num pátio silencioso
Buscando uma ilusão cândida e velha
Alguma sombra sob o muro branco
Alguma lembrança no peito da pedra.
Busco sinal de amor na fonte que dorme
Ou no ar que vaga em forma de espuma
E nesse ambiente da tarde flutua
Aroma de ausência, cruel e estonteante
Que diz à alma esperançosa: Nunca
...............................
Só
isso
(Rosângela Scheithauer)
Não possuo
liberdades
De donas-de-casa pós-feudais
Não preciso esperar você me procurar
Não sou objeto
Tenho vontades e desejos
E em determinados momentos não os tenho
Há que ser sábio e conhecer a diferença
Sou exigente
Comigo e com meu corpo
Peço apenas sensibilidade
Educação e delicadeza
E senso de oportunidade
Sem maldade
Sem traição
É tudo o que também proporciono
Não permito assedios
Ou inconveniências
Quero machismo
Um homem especial
Que me ame
Só isso
.......................
SEGUE TEU CAMINHO
(Rosangela Scheithauer)
Abre o teu olhar para o espaço
Toca a terra
alça os braços para o ceu
Ouve o vento das tuas emoçoes
descobre teu nome na pedra
Escreve com as cores do arco-íris
Deixa vestígios de tua alma
Depois segue teu caminho
Na aventura que sempre buscaste
Na praia ainda nao encontrada
Na estrela ainda sem nome
Segue em frente
Mas onde fores
---------------
Abonnieren
Posts (Atom)