Dienstag, 29. Juli 2014

„Tempo bão, num vórta mais, saudade“!

„Tempo bão, num vórta mais, saudade“!

Se eu tivesse que numerar as coisas que mais marcaram a minha infância, acho que seria assim:

- Brincadeiras na rua (amarelinha, esconde-esconde,         pula-corda, passa-anel);
 - Andar descalço quase o dia inteiro;

- Tomar banho de mangueira ou dentro do tanque de lavar roupa;
- Comprar doce na venda;
- Ir a pé para a escola;
- Ir à igreja aos domingos;
- Assistir a filmes em preto e branco na televisão;
- Ter muitos amigos para brincar;
- Chupar manga,  até me lambuzar toda;
- Respeitar pai e mãe, acima de tudo!
- Ter tido uma infância „de verdade“ !



Naqueles tempos não havia cintos de segurança, apoio de cabeça e muito menos „air bag“!
Íamos soltos no banco de trás, fazendo aquela farra. Brigávamos para disputar quem iria se sentar ao lado da janelinha: ninguém gostava de sentar no meio.
O quarto tinha que ser dividido com os irmãos, não havia essa de cada um ter seu quarto e os brinquedos eram multicolores com pecinhas que se soltavam mínimamente e eram pintadas com tintas bem duvidosas que continham chumbo ou outro veneno qualquer.  Mesmo assim ninguém morreu!
Não havia travas de segurança nas portas dos carros, chaves nos armários de medicamentos, detergentes ou produtos químicos domésticos.
Andávamos de bicicleta sem capacetes, joelheiras, caneleiras ou cotoveleiras. Claro que,  quando caíamos,  nos esfolávamos por todo lado. Mas ninguem morreu!
Bebíamos água de filtro da talha de barro, da torneira ou direto da biquinha. Não havia nada „esterilizado“. Penso que ninguém conhecia esse termo naquele tempo.
Os meninos construiam aqueles famosos carrinhos de rolimã e, os que tinham sorte de morar perto de uma ladeira asfaltada,  podiam tentar bater recordes de velocidade e até verificar, no meio do caminho, quem tinha economizado a sola dos sapatos, que serviam como freios.  Porém, muitos brincavam descalços, então já dá para imaginar o estado dos pés, dedões e joelhos esfolados!
Podíamos brincar na rua com uma única condição imposta por nossas mães:
·        Antes de anoitecer, tínhamos que voltar para casa. Nossos pais não tinham a mínima idéia de onde estávamos!
·        Na maioria das vezes, tínhamos aula no período da manhã e íamos almoçar em casa.
·        Fazíamos todo o trajeto de casa até a escola a pé - nada de Papai ou Mamãe nos levar para a escola!
·        Quando alguém tinha piolho na cabeca as mães colocavam Neocid em pó!  Era tiro e queda!
·        Ninguém se queixava de braço no gesso, dentes partidos, joelhos ralados, cabeça lascada.
·        Ninguém usava aparelho nos dentes. Isso só começou a virar moda nos anos 70.
Comíamos doce à vontade. No café da manhã, comíamos apenas pão com manteiga. As bebidas eram todas com açúcar. Não se falava em obesidade, brincávamos sempre na rua e éramos muito ativos. Acho que nos ajudava a queimar as calorias.
Dividíamos com nossos amigos uma Tubaína, comprada na vendinha mais próxima.
Os animais de estimação daquela época não tinham ração, que nada, comiam a mesma comida da casa, muitas vezes comiam os restos. Banhos quentes? Xampu? Nada disso! No quintal um segurava o cão e o outro, com a mangueira, ia esguichando água e lavando com sabão de cebo, feito em casa.
Ninguém lavava os pratos com detergentes. Era tudo lavado com sabão.
A pé ou de bicicleta, íamos à casa dos nossos amigos, mesmo que morassem a km de distância de nossa casa, entrávamos sem bater e íamos brincar. Todo mundo se conhecia, não havia medos e desconfianças.

Os meninos jogavam futebol no meio da rua e sinalizavam a trave, utilizando duas pedras. Jogavam taco também e utilizavam pedaços de pau como traves.

Na escola havia bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados e, nem por isso, iam a psicólogos ou psicoterapeutas. Quem fosse reprovado, simplesmente repetia o ano e tentava de novo no ano seguinte. As notas eram de 0 a 100, na escola primária e,  só mais tarde,  passou a ser de 0 a 10 no ginásio. Havia até nota ao meio, por exemplo 2,5 ; 5,5 ou 9,5.  Hoje: A,B,C,D,E...
As festas eram animadas por vitrolas com agulhas deslizando sobre os discos de venil. De vez em quando, improvisávamos uma luz negra, uzilizando um papel celofane azul ou roxo que colocávamos em volta da lâmpada.

Nossos „coquetéis“ eram feitos à base de groselha, maçã cortada em cubinhos e gelo.
Tínhamos liberdades, fracassos, sucessos, deveres e obrigações.

Ajudávamos nossas mães nos serviços de casa, por exemplo, minha irmã e eu combinávamos quem iria lavar e quem iria secar a louca do almoço e jantar.
Foi nessa época que muita coisa comecou a mudar na moda, na pintura, no cinema, na música, na forma de encarar a sexualidade, no relacionamento humano, nas questões de diversidade racial e em muitos outros territórios. Muitos jovens passaram a contestar a sociedade e começaram a dar mais ê
ênfase aos valores tradicionais. Surgiram os hippies e a era do „peaceand love“. O símbolo eram dois dedos em forma de V.


Vou parando por aqui, pois já está na hora de dormir.  A vontade era de ficar aqui escrevendo, escrevendo sem parar, mas nao se preocupem, pois haverá muitos outros "causos" pra compartilhar com voces. 


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